Se hoje o barco em que eu navego Já não teme singrar águas revoltas É porque as curvas misteriosas desse rio (que há tempos já não nego) Sabem há muito que estou pronto E que vou assim ao seu encontro Corpo leve, alma aberta, velas soltas
Se hoje as pedras que eu enxergo Já não podem desviar-me do caminho É porque eu já sei do imenso desafio De receber bem menos do que entrego De ver que são complexos os amores Pois só sabe dar valor ao mel das flores Quem entende a razão dos seus espinhos
Mas confesso, se eu pudesse Eu voltava pra esse tempo De pandorga solta ao vento Onde nem o tempo havia Quando a alma tinha asas Onde o mundo era as casas A vida o sol de cada dia
Se hoje as pedras que eu enxergo Já não podem desviar-me do caminho É porque eu já sei do imenso desafio De receber bem menos do que entrego De ver que são complexos os amores Pois só sabe dar valor ao mel das flores Quem entende a razão dos seus espinhos
Mas confesso, se eu pudesse (só, talvez, por um segundo) Eu voltava pra esse mundo Onde iniciei meu destino Quando a vida tinha asas Onde ainda junto às casas Estão meus passos de menino