Eu gostaria que voltasse novamente Um pedacinho do que era o sertão Para que alguém se deparasse com a verdade E ver de perto carro de boi no estradão
Carreiro e boi sussurrando nas manhãs E o tinido das argolas no ferrão Esse transporte que hoje não existe mais Ficou a história resumida em canção
Carro velho virou lenha e carvão Assou a carne do mesmo boi que o puxou Carro velho que não roda nunca mais E seu carreiro para sempre descansou
Carreiro e boi cada um teve um destino Depois que os homens transformaram o sertão Trocando o carro pelas máquinas pesadas Pobre carreiro morreu sem a profissão
Subiu o morro da invernada do destino Levando mágoa, desengano e paixão E os bois cansados que não tiveram salário Virou churrasco lá na mesa do patrão
Carro velho virou lenha e carvão Assou a carne do mesmo boi que o puxou Carro velho que não roda nunca mais E seu carreiro para sempre descansou
Carreiro triste hoje carreia no infinito Além das nuvens para sempre foi morar Grita seus bois no planeta estrelado Carrega os anjos pelos campos do luar
Aqui na Terra com a grande evolução Esse carreiro não pudesse trabalhar Carreiro e boi estão na invernada do tempo Ficou o passado para o poeta contar
Carro velho virou lenha e carvão Assou a carne do mesmo boi que o puxou Carro velho que não roda nunca mais E seu carreiro para sempre descansou