Muito prazer, é isso aí, pode crer, amizade! Sou eu pô, aquele moleque esquecido pela sociedade Esses dias mesmo, quebraram um cara na quebrada lá Vi uma família inteira de luto... os parente tudo puto Céu até ficou cinza, o bairro mais triste ainda Vi aquela gente caminhando né Só deu tempo de me benzer Não sem antes tirar o boné Na mema hora me lembrei do que falava o tio do morto Seu bené, trampava no cais do porto Ele alertava a molecada com essa lição "na vida, meus menino, cês tem é que, antes de morrer Ter feito quatro amigo! um pra cada alça do caixão... "
E eu com isso, moleque? Sinhô com isso, nada... só queria desabafar, tá ligado? E dizer que de onde nóis vêm tem dor sim E somos até chamado de lugar sangrento No que cê lê e na sua tv Mas ó pu cê vê: de lá também sai muito talento! Uns comédia que xingaram lá na várzea Uns parceiro de fedorento, agora são federado Buscaram na pelota suas carta de alforria, alegria, tiozão! E você? tem o que? quer o que? Eu? eu tenho fome... mas fome de vencer Tenho muita sede também Não de líquido nem de vingança! Sede de esperança, de viver da vocação Do sonho virar realidade De ver minhas criança tudo virar gente grande e honesta Provar que a gente também presta; honesta e decente Slogan da minha gente. compreende? issaí Tá certo... e qual é o seu recado final?
O menino pensou, pensou, olhar longe Pensamento mais distante ainda E não sabendo que era uma joia, foi lá e brilhou Sinhô... nas palma das minha mão Tem o desenho do mapa da áfrica Meus grande olhos com essa pele preta em volta Não é só meu, mas de um povo inteiro E no lugar do coração que pulsa Eu tenho é atabaque que não para de ser de batido Sou diferenciado, rapá, e vim pra fazer a diferença! Se liga na fita, sinhô: somos barro, berro e birra Ao invés de ouro, incenso e mirra; capoeira na lua cheia Caravelas em museus, tronco abolido A branca isabel e um copo meio sorriso, meio rancor! Nada pode nos deter... e se insistem na "tribo afro" Entre os meus só tem griot