Will do Rap

Cria

Will do Rap


Adjetivo atribuído ao detentor da habilidade
culminando em admiração de quem a aprova
Foi uma das definições que encontrei no dicionário
quando pesquisei por rei e ta aí a prova

Papel e caneta é sinônimo de selva
Se é selva, eu sou rei; se sou rei, eu sou leão
Leão não é tigre, ele é a base da obra
Em comum, apenas, que ambos fazem conexão

Conexão de ponta a ponta, numa ponta, aluguel, conta
na outra, o livro de colorir que amarra o elo
Cores são diversão, diversas são as tinta guache
Coração que falta a peça pra completar o encaixe

Revela ser ausência, equivalente a falta
Criança, doce essência, como a tocada flauta

Pra eles é careta quando alguém fala de amor
Na selfie fará careta, brincar de atriz ou ator
Nunca houve explicação pra essa afinidade
Próximo de seus olhinhos, longe de paternidade

A verdade mesmo é que você nem existe
mas não abre mão de engatinhar em minha imaginação
Relógio não proíbe de me chamarem de pai
E o espelho, inflexível, a face de avohai

Avohai não gostaria de ter um filho já véi
Equilíbrio na idade, requisito de Soleil
É na trigésima sexta que dou vida a você
e no meu trigésimo sexto que você vai nascer

Criatividade, algo que não tem limite
Que inspire outras canetas, que um jovem me imite
Ser exemplo para um filho, na missão delegada
Só menor Usain Bolt; com pressa, queima a largada

Teste de farmácia: o guru que tira a dúvida
se no interior dela já pulsa outra vida
silêncio antecedente deixa a pessoa ávida
pela resposta da descendência-dádiva

Mas pode fazer rap para a cria sem tê-la?
O útero e a mente, campos de fertilidade
Gestação de uma letra, parto menos complexo
Pariu de 9 estrofes, minha cria, não importa o sexo

Tragam a manta que é nela que eu te enrolo
Em tempos de contato, seu primeiro foi meu colo
Com o tato, segurando, bem sem jeito com certeza
Contanto, porto seguro, é meu trato, tem firmeza

Fadigas e alegrias com você é que eu divido
Parou os segundos quando te vi através do vidro
no dia escolhido naquela maternidade
Até na tenra idade, tá lá na identidade

Vencidas as etapas da colher-aviãozinho
dentes embaixo, seus primeiros passos
Acelera o batimento, também o passar do tempo
no mercado de carrinho, cercado de carinho

Pernas para o ar, modifica a rotina
Não tá claro se a cria é menino ou menina
Mas é claro que eu te amo e espero que entenda
Assim como interpreto os recados na sua agenda

convite para reunião de pais
transmissão da ética e valores morais
tarefas do colégio
e a tarefa do cuidar, 8 em 8, o remédio

a dose e o tempo certo juntos trouxeram a cura
foi dose cada birra que o pai beirou a loucura
doze de idade, doze mil problema a gente atura
não retratados na pose, suas fotos de formatura

Criador crê na melhor criação pra sua criatura
As fases chegam e passam como a fatura
Ao passar fica escuro, ufa, menos um boleto
Luz pra não virar os olhos, me achar obsoleto

Fundamental a escola, respeito, religião
Segunda é Ensino Médio, novos tempos virão
Aqueles que nos cercam já viram que há união
E o pai que eu não era me trouxe transformação

Se aproxima os 18, junto chegando os dilemas
No rodapé da carta pra adulto vêm os temas
Faculdade, profissão, amor, drogas, uma novela
Meu papel é ajudar a passar por eles sem problemas

Também estou aqui pra tomada de decisão
também de palavra se vive a cria, não só de pão
Que por semana mate menos de sete leões
antes disso lhe abro as portas das reflexões

O senso crítico que ninguém me trouxe
que o futuro pode ser cítrico ou doce
verdade mora na fala do Balboa: se trata
do quanto pode apanhar e seguir de boa

Ali Babá, trago 40 lições
me ouça e absorva tudo que puder
os imprevistos vão chegar como ladrões
a adversidade vai testar sua fé

O pai viveu pra ver que a soma da bondade
lealdade, empatia e um grande coração
no julgamento terráqueo pouco aliviam
não passa a mão na cabeça, pesa na decisão

Te apresento o livre arbítrio que é um mar
de rosas, e evidente, com muitos espinhos
Como 2 e 2 são 4, posso afirmar
Faça amigos que ninguém vence sozinho

Te ensino a importância da saúde mental
Ausência dela é doença silenciosa
Descobrir o que eleva o seu astral
na caso do seu pai tem sido o verso e prosa

Como que é ser cria de um escritor?
O que se sente com o rap que eu te fiz?
Muito já te cobrei, muito te pressionei?
Te decepcionei ou mais deixei feliz?

Feliz me deixa com a amizade com seus primos
As coisas que diz de família pública ou a sós
Copie as qualidades, esqueça os defeitos
Isso serve pra mim e pros seus avós

Procurei não repetir o que discordei
não sou Deus mas espero até aqui ter ajudado
Faz 20 anos que eu me matriculei
e você com um futuro a ser desbravado

Não abre mão de engatinhar na imaginação
O fim do beat faz à realidade voltar
Entre as direitas e esquerdas do mundo, talvez
seja melhor a cria continuar onde está

Composição: Will

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