Elas sempre carregam no rosto um sorriso brejeiro, matreiro, elas fazem do andar um aviso que a noite é uma ceia, tão cheia, elas vivem vestidas de mantas e tantas miçangas e coisas banais e os homens ao vê-las cochicham capricham, se arrumam e vão logo atrás.
Seus ouvidos escutam primeiro as notícias que o mundo amanhã vai saber e os amigos, amantes antigos, sustentam seus modos estranhos de ser elas fazem de um caso a tragédia e a comédia começa no incauto freguês elas sabem que dia após dia é preciso tentar outra vez.
As meretrizes, as infelizes carregam por dentro sorrisos dolentes, doentes e nervos de herói as tais Marias, moças sombrias suportam em seus mundos bandidos, falidos, gatunos e tudo lhes dói.
Já passaram por elas escravos e tantos feitores, senhores, conhecem calçadas e foram amadas por tantos doutores, escutaram promessas, guardaram ofensas, tão quietas, pasmadas, os seus olhos cansados, sofreram cerrados, sem prantos, calados.
Atentai, pois, pras vidas que levam as moças Marias, perdidas, aceitai suas falhas, não armem suas malhas e nem armadilhas, elas fazem pecado, o amor desbotado, um serviço que têm que fazer elas sabem que dias após dia é preciso lutar pra viver.
As diretrizes, das infelizes são rosas dos ventos que a calma dos tempos transforma e consome. Tais Marias, moças sombrias suportam em seus mundos bandidos, falidos, gatunos e tudo lhes dói.