Vitorino

Poema

Vitorino


Alguma coisa onde tu parada
fosses depois das lĂĄgrimas uma ilha
e eu chegasse para dizer-te adeus
de repente na curva duma estrada

alguma coisa onde a tua mĂŁo
escrevesse cartas para chover
e eu partisse a fumar
e o fumo fosse para se ler

alguma coisa onde tu ao norte
beijasses nos olhos os navios
e eu rasgasse o teu retrato
para vĂȘ-lo passar na direcção dos rios

alguma coisa onde tu corresses
numa rua com portas para o mar
e eu morresses
para ouvir-te sonhar

Composição: António José Forte

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