Hoje pus meu rosto na janela Pus-me exposto ao momento Enchi minha mão de um beijo E lancei com toda a força para ela
Calculando a velocidade do vento Cada fuso horário e a saudade que eu sinto A agonia de um confuso solitário E o tontear do vinho tinto
Atenção minha linda! Não vá-se embora! Que se não chegou ainda o meu beijo Deve estar chegando agora
Amanhã, se uma brisa mais gelada me vier cortar a face Em face disso, a saudade pode vir a especular Terá sido uma frente fria insensível, inconveniente? Talvez algum beijo triste perdido pelo continente? Quem sabe um feixe de ofensas lançado aos ventos Por um alguém distante, descontente? Talvez meu próprio beijo Sem ter alcançado a meta pretendida Tenha dado a volta ao mundo e chegado Já sem vida e só desejo Ao seu ponto de partida Talvez você tenha lançado ao vento um beijo Que perdeu-se no caminho E cruzou a Groenlândia, o pólo Norte e o pólo sul E chegou-me assim gelado, assim sozinho
Se foi isso, lance ao vento um grito Que eu estou aflito em prontidão Mas então faça direito e lance em minha direção Sem perder-se nem em curva, nem em posto, nem em trevo Calculando a variedade do relevo E a força que ele vai perdendo em seu feito sofrido Talvez só me chegue um sussurro Que bom se trouxesse poemas consigo Mas seria o mais gostoso desse mundo Se soprado ao pé do ouvido