Tião do Carro e Pagodinho
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Um Peso Duas Medidas

Tião do Carro e Pagodinho


Pra defender uma preta
Fiz um processo bonito
No andamento final
Já perto do veredicto
O juiz me advertiu
Dizendo achar esquisito
O promotor denunciava
Dizendo que admirava
Por que eu tanto mimava
Quem cometera um delito

Meretíssimo juiz
Faça o que a lei disser
A preta deste banquinho
Não é uma preta qualquer
Está na mão da justiça
Para o que der e vier
Perante a lei dos homens
Me ensinou honrar o nome
Ela matou minha fome
E eu mamei nesta mulher

Aos senhores da justiça
Eu imploro caridade
Ela é minha mãe de leite
Ponha ela em liberdade
Aos senhores da justiça
Eu imploro caridade
Ela é minha mãe de leite
Ponha ela em liberdade

Do chão do mundo esta preta
Com carinho me catou
Os seus braços foi meu berço
Quantas vezes me embalou
Desde os meus primeiros passos
Foi ela quem me ensinou
Hoje é seu julgamento
É grande seu sofrimento
Por isso neste momento
Pra defendê-la estou

Primeira vez que um juiz
Se encontrou embaraçado
O mundo dá muita volta
Foi dizendo emocionado
Encerrado a audiência
Promotor e advogado
Eu também perdi na vida
Minha mãezinha querida
É um peso e duas medidas
Eu também fui adotado

Aos senhores da justiça
Eu imploro caridade
Ela é minha mãe de leite
Ponha ela em liberdade
Aos senhores da justiça
Eu imploro caridade
Ela é minha mãe de leite
Ponha ela em liberdade

Composição: Tião do Carro, José Caetano Erba

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