Sarah Guedes

Melanina

Sarah Guedes


Cheiro da aurora e agora amanhece
Mais uma história
A mulher negra chorando na escada, é o que importa
Sentindo frio, coração a mil
Entregue até o pescoço
Pois sonhou e depois sucumbiu
São 2 ou 4 dos seus, pra ter que alimentar
E muitos deles vieram
em pleno desfrutar da culpa
do acaso, erro, descaso, a intriga, da angústia
A mentira consome o pior dos animais
Não se deita aos que têm presas
mas aos que quer sempre mais
Ela olha para as mãos e já sente o óbvio
Qualquer relato de desigualdade
de vida é um assunto pra outro tópico
Olhos vermelhos, pálidos, vazios
Corroída por dor, nascida num cômodo sujo e frio
Agoniza seus gritos, suas dores
seus insultos, suas perdas
Deixados por outros amores
A pele se limpa toda vez que a lágrima deságua
Ajoelhada, olha pro céu, no chão grosso da sala
E chora, se aperta, se rende
se entrega em preces, fraqueja
Adrenalina arrepia de uma vez cada um de seus nervos
Faz sua última oração, sorri pro posto espelho
Aproxima da cabeça seu descanso, seu relento
Um mar revolto, num mergulho leva o desencanto
Entregue ao silêncio profundo
O dedo escorrega, fecha seus olhos com medo
Sua boca resseca
Já preparada, escuta passos pequenos na sala
"Mamãe, mamãe, sonhei que a senhora se matava. "

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