Meu mouro apura o trote Num aguaceiro machaço Tendo a franja por sombreiro E o olhar em cada casco Pois muito pouco se vê Depois que o mundo desaba Mas o Maidana de guerra Sustenta o peso na aba
Tão logo adentro o galpão Pro corpo cambiar de posto Tiro os “arreio” do pingo Encilho o mate a meu gosto Deixo por conta do tempo Lavar o lombo do mouro E busco entender porquê A chuva fez paradouro
Se a chuva desce do céu E no sol quente regressa Quem se arrisca a dizer Onde é que a chuva começa Eu não sei onde ela nasce Mas pelo verde dos campos Ate parece água benta Benzendo este pago santo
O poncho negro descansa Alheio ao mundo lá fora Aberto como quem voa Chovendo feito quem chora Enquanto a chuva ressoa Junto á quincha do galpão Contraponteando os acordes Que acordam o meu violão
A chuva que cai no sul Convida o pago a matear Dá esperança a quem planta E mata a sede do olhar Por isso indago se a chuva Que terra adentro se arrima Será o mate dos campos Cevado com as mãos divinas
Se a chuva desce do céu...
Composição: Eduardo Munhoz E Vinicius Russo/ Rui Carlos Ávila