Quando se alembro da porteira Da fazenda das Parmeira Lá pras bandas do Pinhá Me vem logo na lembrança O meu tempo de criança Que a porteira viu passá
Sentado no seu mourão Com o queixo em riba da mão Eu garrava a imaginá Passava o córgo cantando E eu vendo o povo passando Deixava o tempo passá
Os viajante, os cavaleiro Sempre me dava dinheiro Mode a porteira eu abri E ansim dessa maneira Cismando e abrindo a porteira O bão tempo que vivi
Quando os dinheiro caía Era memo de alegria Que o seu rangê gargaiá Ah! dava gosto aquela vida De abri porteira E em seguida catá nique, ara se dava!
Mas um dia, que tristeza Foi chorando, com certeza Que a porteira escancarô Em vez de moeda tini Só vi lágrima caí Num enterro que passô
Despois largaro a porteira De um mata-burro, porteira Do seu lado foi ficá Mas ela memo de banda Veve como o tempo manda Oiando tudo passá
De vorta no seu mourão Com o queixo em riba da mão Inda garro a imaginá Passo o corguinho chorando Passa o tempo, passa os ano Só meu pranto qué ficá
Ninguém abre ela Só o vento arguma vez num lamento Vai mexê com as suas grade Mas quando a porteira treme Eu não sei se ela é que geme Ou se geme essa sôdade
Vancê se alembra, porteira! Daquela vez derradêra Que eu te abri tão comovido? Um triste enterro passava E os rangido que ocê dava Era um ai, foi um gemido
Ah! porteira abandonada Como ocê fiquei sem nada Sozinho com a minha dô Chorando no meu desterro Porteira, naquele enterro Foi minha mãe que passô