Periafricania

Severino

Periafricania


Um tal de Severino cabra da peste
foice, facão cortava cana no nordeste,
calor do caralho tantas vezes passou mal
trabalhava feito cão por misero real,
uma pa de irmão sem nunhuma condição
feito pai e mãe tudo ia se pião!
Cidade grande seu sonho de menino,
imigrante, retirante nordestino.
Eu vou fazer mãe o que Tonho fez
de tudo que gangá mando um pouco todo mês!
Não tem jeito vai ter que ser assim
por tudo por nós sempre até o fim!
Ouça o seu pai menino o mundo engana
não vi o dilúvio más pisei na lama,
se vai atrás do Tonho cabrunco endiabrado
dizem que matou fio de Zeca esfaqueado!
Más teimando até o final, o que? Nem ouviu!
Juntou tudo que tinha pois num saco, partiu.
Tenho certeza que Deus vai me ajudar
parto na tristesa mas um dia vou voltar!

Eu vou, mais eu vou voltar! Pode acrediar, um dia vou
voltar!
Eu vou, mais eu vou voltar! Hey! Seis tem que
confiar!
Eu vou, mais eu vou voltar! Na fé, no peito um patuá!
Eu vou, mais eu vou voltar! Éh! Eu vou voltar!

Cavalo, pau de arara escolheu seu caminho
pronto pra lutar seguindo seu destino.
São Paulo Capital uma vida melhor,
lugar feito esse aqui não existe pior:
Acredito sei que vai dar certo
um trabalho digno um salário honesto.
Já longe na estrada quanta emoção
verde , verde, ao contrário do sertão!
Sonhando acordado olhando o horizonte
três dias de viajem parece que foi ontem
Estranho! O céu azul começou mudar
uma névoa escura tomou seu lugar,
multidão empurra, empurra desçeu no Tiête!
Vixe quanta gente só vendo pra crê!
Coração mil grau foi pedir informação:
Endereço vou pra la Zona Sul Capão!
Depois de algum tempo ele chegou
rezei Padim Ciço me abençoou!
Mas o tempo foi passando só pagando mico
vez em quando uma mascate um bico.

Eu vou, mas eu vou voltar! Já era não posso
fracassar!
Eu vou, mais eu vou voltar! Tonho falou que é só saber
chegar!
Eu vou, mais eu vou voltar! Mãe eu tô bem, aí como é
que tá?
Eu vou, mais eu vou voltar! Eu vou voltar!

Por outro lado Tonho varias mina cheio de camarada,
sempre com um sorriso estampado na cara,
virava e mexia apresentava um plaquê!
Aí Severino! tá precisando de que?
Mostra pra que veio acha que é zoeira?
Trampo que se quer negão? Vá pa biqueira!
Mas antes que esqueça tá aqui um presente,
que é bala na agulha e uma pa no pente!
Se queria então! É aliado do patrão,
vacilou sem boi, é finado malandrão.
Na escola do crime se formou
miua treta que viu não acreditou!
Atento, ligeiro na mais pura malícia
no acerto ou na bala depende da polícia!
Certa ocasião um doido atravessou,
Muito loco o puto me tirou!
É só questão de tempo nãp vou pagar comédia!
Pra pa pau! A primeira tragédia.

Eu vou, mais eu vou voltar! Que tá loco? Agora vou
ficar!
Eu vou, mais eu vou voltar! Que já era! Aqui é meu
lugar!
Eu vou, mais eu vou voltar! Aê Tonho vou te catar!
Eu vou, mais eu vou voltar!

Então se liga Tonho sua cria foi em vão
dizem por ai que ele quer ser patrão!
Se aliou com os cara la no morro,
Zé povo apavorado tá pedindo socorro!
O que de nesse cabra eu não sei
o que tem eu que dei o que sabe ensinei,
mas tá firmão tô aramdo até os dente
vamo vê quem é quem quando vir bater de frente!
A hora é chegada não falta munição!
Na calada jáz um Tonho do Capão!
Morto, traído pelo propio irmão
tudo que quis o que fez foi em vão!
Só que Severino não sabia em plena luz do dia
um disparo de onde vinha não se via,
certeiro no peito foi fatal
na mente a familia o canavial!
Foi o filho do Tonho ali mesmo da favela!
Quem é que sabia a mãe num dava guéla.
Pobre Severino do que adiantou?
Seu proprio sobrinho ainda moleque se vingou,
agora qual será a sua trajetória
com fama na favela conquistou sua glória...
Mas a e... isso é uma outra história.

Composição: Jairo Periafricania

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