Pedro Ortaça
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Relato de Um Cantor Cego

Pedro Ortaça


Foi um bagual mala cara lombo sujo sentador
Que corcoveou com o Hortencio, gaucho taita e cantor
Depois do tombo, o silêncio num cerro do corredor.

La pucha, que tauriou a vida sem tempo, espaço ou noção
Passou sis meses no povo, na bruma e na cerração
Quando a si no mundo, o mundo era escuridão.

Masis tarde voltou a quercncia com a alma a florescer
Rememorava solito o que não podia ver
E ouvia um tacã a lo largo riscando o entardecer.

Assim deixou de cantar, gatou vida ano, após ano
Até tocar um sinal espiritual e humano
Na claridade intuitiva de guitarreiro pampeano.

E deu de mão na viguela tão épica e altaneira
Até encontrar em si mesmo facho de luz missioneira
Armando acordes pampeanos numa milonga campeira.

Cantado:

Escutava a pampa aberta entrenhada na guitarra
Sentia o calor da vida longe num poto que esbarra
E as palpitações da terra cantava numa chamarra.

Bebeu a pampa com os olhos Dom Hortencio Ibirucay
Payadas,coplas e polcas remansos que vem e vai
Pois seu canto corre livre como as águas do Uruguai.

Há tanta gente no mundo sã de lombo e de visão
Que vê as coisas da vida com a mais estrita opnião
Que se olharem para dentro é maior a escuridão

Letra enviada por Caamaño

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