Paulo Meyer
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Blues da Ilha do Catimbau

Paulo Meyer


Vem cá, qual é o problema aí?

Não me dê tapa na cara
P'ra me desmoralizar.
O mal que a gente faz no mundo,
Um dia vai ter que pagar.

Se pedir com educação
Pode até me revistar.
Se você procurar direito,
Com certeza vai achar
Do lago esquerdo do meu peito,
Um coração que sabe amar.

Faça uma pergunta franca
Que eu respondo sem embaço.
Existe muita gente boa
Que admira o que eu faço.
Sou uma pessoa honesta,
Vivo da força do meu braço.

Não carece arma na mão
Só p'ra me ameaçar.
O mal que a gente faz no mundo,
Um dia vai ter que pagar.

Não, não tenho documento.
Mas desaforo eu não agüento.
O meu corpo é rijo e forte
E o caráter, cem por cento.
A minha fé no criador
Sempre me serve de alento.

Tudo de ruim que eu fiz
Não passou de acidente.
Minha consciência é limpa
E o meu amor é quente.
Eu sou uma pessoa descente,
Vivo do engenho da minha mente.

Eu já vi, de perto, a morte
Dentro de um barco à deriva.
E, por falta de um diploma,
Até já trabalhei na estiva.
Mas mantive sempre viva
A chama da minha fé.
E as moradas que eu ergui,
Todas continuam de pé.
As sementes que eu plantei
Germinaram e deram fruto.
Eu tento sempre melhorar,
É p'ra isso que eu luto.

Não é preciso violência
P'ra querer me humilhar.
O mal que a gente faz no mundo,
Um dia vai ter que pagar.

Com certeza você pensa
Que eu sou um marginal qualquer.
Mas eu não trago droga ou arma,
Que é só o que você quer.
Eu trago no coração
O amor de uma mulher.

Por falta de melhor abrigo
Eu até já dormi no cais.
E lá encontrei amor,
E lá encontrei a paz.
Eu nunca esqueço aquelas noites.
Foi gostoso, foi demais.

Não, não chame a viatura,
Não há razão p'ra me levar.
O mal que a gente faz no mundo,
Um dia vai ter que pagar.

Minha vida, meu amigo,
Sou eu mesmo que governo.
Ando de sunga no verão
E ando de sunga no inverno.
Essa carne é passageira,
Mas o espírito é eterno.

Eu não tenho casa própria
E nem carro importado.
Minha cabeça é sempre feita
Sob o céu estrelado.
O importante nesse mundo
É amar e ser amado.

Agora peça desculpas,
Que Deus vai me abençoar.
O mal que a gente faz no mundo,
Um dia vai ter que pagar.

Minha vida é diferente
Da sua, mas quê que tem?
Um dia vou lhe servir peixe,
Lula e camarão também.
Minha filosofia ensina
A pagar o mal com o bem.

Agora é tarde, eu já vou indo.
Irmão, não me leve a mal.
Já provei que nada devo.
'Tamos aí, coisa e tal.
É que eu tenho um aponto
Na Ilha do Catimbau.

Letra enviada por Fabrício

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