Grito de Liberdade
[Juliana Sete]
Um grito de liberdade rasgou minha garganta
Braço forte não suporta mais algemas
Omnira canta!
E meu orgulho de ser quem sou te fere
Não sou morena
Sou a negra
Tira a sua etiqueta da minha pele
Favela acordada não se cala mais
E o povo quer o poder
Protagonistas sociais
Protagonismo social!
E rolezinho no shopping assusta os terno preto
Água com açúcar pro sujeito
Que o pataco tá com os preto
Pela mãe, pelo filho, os irmãos, a história
Do lado de fora, figurante na bota não mais
Quero mais identidade, orgulho
Os 'mic', autoria, ir e vir me assumo
Mulher negra livre,ta aí o revide
Não me curvo, rio turvo, Sp das vitrines
Da carne barata, da farda, das armas
Do punho pra cima
O gueto, a chegada
Navio negreiro aportou, te assutou
Cadê as algemas?
Alforria é tua
O que é teu? É teu!
E pensa o burburinho que vai ser
Quando a emissora ganhar
Que audiência pra eles
Não é 'nós' que vai dar
Falabella de mãos sujas
Nega quer mais que sexo
Que sucesso, progresso
Estereótipo traz regressos
[Paty Treze]
Com os punhos cerrados de Dandara
Resistência da bruxa, na fogueira foi queimada
Com a força de Maria Bonita no cangaço
Armada até os dentes, pronta pro arregaço
A liberdade cantou da alma
Como um rugido feroz coloquei pra fora toda a raiva
A raiva da opressão, a raiva dos opressores
Hoje meu grito é mais forte
Mais alto que seus padrões e falsos valores
A mídia não convence, a moda não me monta
Revista não me ilude
Minha identidade ninguém compra
Desço o pé na porta, pronta pra apanhar
E pra bater
Minha luta é diária,é por mim
E Por você
Quebre as algemas,estraçalhe os grilhões
Grite liberdade com todo fôlego dos pulmões
Não deixe de abater
A vida é um jogo e jogamos pra vencer
A babilônia ta aqui
E eu louca pra derrubar
Os demônios estão soltos
Querendo se exaltar
Omnira canta e encanta
Sabe quem some e quem trama
Vai a luta e não se cansa
Estamos juntos na aliança
Pra implantar a liderança
O futuro, as crianças
A ganancia destrói a herança
Libertação do cativeiro
Revolução com gasolina e isqueiro
[Jana D'Notria]
Bateu forte o tambor, Jana D'Notria acordou
Levantou do seu profundo sono da morte
Aquele momento mudou toda a sua sorte
Olha o passado não gosta do que vê
Imputada a apanhar pra valer
Nas mãos dos seus senhores e sofrer
Servir famílias
Ter lembranças de pais e irmãos
que nunca vira a conhecer,
Forçada pagar por pecados
crimes que jamais cometeu
Ela se põe firme na terra
Contempla campos verdes
Seca o rosto, não mais choro, levanta a cabeça
Admira o céu
Pássaros cantam
A esperança veio a mulher buscar
Não mais silêncio, minha voz é o poder
Os haters vão ver
Atravessa a linha da oportunidade
Seus sonhos pega de volta
Lá vai ela lá,realizar
A liberdade cantou
tocou o infinito no Universo de Justiça Agô
Chegou rainha nagô
Abriu caminhos que ecoou
Ao som nagô
Nossa rainha se coroou
Poder gozar do ouro, não mais chicote no couro
Canção de esperança hoje ela canta, dança
Luta, black panthers
Papéis, notas e poder, poder, poder
Planeja a vingança dela
Refrão final
Me libertei no dia que descobri quem eu sou
Sou um grito da minha mãe
Um dos muitos que ela gerou
Sou a dor do amor sem pudor
Eu sou o que sou
Livre, Livro e Leve levante levando cor
Treze e Flor acordou,despertou
Luta, lutou
Caixa, bumbo, murro, prosa
Rap de tambor
Eparrey, iê iê
E a base inspira Ori
A voz ecoa longe
Faça se ouvir
Da senzala se exala, o odor da batalha
Da negra amarrada, torturada, amordaçada
Cheio de garra
Odoya serena o mar,sereia livrar,me rega,salga
Um sorriso negro, um abraço negro
Os meus olhos negros!
Composição: Juh Sete, Paty Treze e Jana D'Nótria