Mick Jagger está chegando aos 80 anos nesta quarta-feira, 26. Ainda em forma, e com a voz intacta, o vocalista dos Rolling Stones segue influente e muito respeitado - afinal, se não fosse a sua mão de ferro na hora de comandar os negócios, a banda provavelmente não teria durado 60 anos.

2023 vem sendo um ano de calmaria para o cantor e o grupo. Se descontarmos 2020, quando estávamos vivendo sob o impacto da pandemia, esta é a primeira vez, desde 2012, em que os Stones não fazem shows. Esta aliás poderá muito bem ser a última grande contribuição do outrora quinteto para a música.

Ao invés de fazerem turnês gigantescas e depois pararem por um longo período, eles começaram a fazer pequenos giros anuais, fazendo cerca de 20 shows por temporada.
Rolling Stones

Uma ideia ótima para se manter no palco na "terceira idade". Essa rotina permite que os artistas sigam se apresentando sem sofrer muito com os "rigores da estrada" e também que se mantenham sempre aquecidos.

A grande expectativa, no momento, está no aguardadíssimo novo álbum de inéditas do, agora, trio. Descontando o disco de covers, "Blue and Lonesome" (2016), as faixas bônus colocadas nas edições especiais de álbuns como "Exile On Main St." (1972) ou "Some Girls" (1978), e o single "", os Stones não lançam um álbum novo desde 2005.

É sabido que eles já gravaram muitas músicas novas desde então. Resta saber quando eles irão considerá-las prontas para serem ouvidas pelo público.

Mas o objetivo deste especial não é a de falar do Jagger membro dos Stones, e sim sobre algumas de suas aventuras longe da "maior banda de rock and roll do mundo". Abaixo seguem cinco delas.

1 - O filme "Performance", de 1970
Rolling Stones

Segundo Marianne Faithful, a então namorada de Mick, esse filme ferrou coma cabeça de todos os envolvidos. O longa de Donald Cammell e Nicolas Roeg é inegavelmente pesado e sombrio ao contar a história do gangster (James Fox) que se esconde na casa de um decadente rockstar, o papel de Jagger, depois de cometer um assassinato.

Dignas de atenção são as cenas de sexo, um bocado "realistas" entre o cantor e Anita Pallenberg, que também está no filme. O "problema" é que Anita era a namorada de Keith Richards, o guitarrista e parceiro de composição de Mick nas músicas dos Stones - esse pode ser visto como o momento em que eles começaram a se afastar, o que culminaria no quase fim da banda nos anos 80. Mick estrelou, ou apareceu rapidamente, em outros filmes. Mas este é seu único momento realmente grande como ator.

Veja a cena em que ele canta "" no longa - a música saiu como um single solo, o primeiro de sua carreira.



2 - O clipe de "Hard Woman"
Mick Jagger


Foi em 1985 que Mick Jagger declarou a sua independência dos Stones, e, nessa, quase levou a banda ao seu fim. Tudo começa alguns anos antes, quando a banda troca de gravadora e a CBS (hoje Sony) também oferece a oportunidade para que o cantor se lance como artista solo. Em 1983, o grupo lança "Undercover", tido como um dos piores trabalhos deles. No ano seguinte, Mick começa a trabalhar na sua estreia solo, algo que deixa Keith Richards furioso.

O guitarrista entende que o cantor está trabalhando duro para viabilizar uma nova carreira e, assim, abandonar a banda - algo que Jagger sempre negou. Verdade seja dita, "She's The Boss", o tal álbum que saiu em 1985, é não mais que simpático e, apesar da grande promoção, não vendeu em quantidades suficientes para tornar Mick Jagger um astro por si próprio.

Feito no momento em que a MTV estava no auge de sua influência, várias de suas músicas ganharam vídeos, incluindo um gravado no Rio de Janeiro sobre o qual já falaremos. Destes, um se destacou em especial. "Hard Woman" hoje pode até parecer simples, daqueles vídeos que qualquer um com alguns apps de celular consegue fazer igual ou melhor. Mas, na época, foi tido como revolucionário, com sua mistura de "live action" e animação digital.
Mick Jagger

"Hard Woman" saiu depois do revolucionário "Money For Nothing", o primeiro a mostrar que a animação 3D por computador havia chegado com tudo, e foi um dos clipes mais caros já feitos, ao menos até aquele ponto.

Em 1986, os Stones lançaram "Dirty Work", outro disco com péssima reputação, e não saíram novamente em turnê. No ano seguinte, Mick lançou "Primitive Cool", esse sim, um enorme fracasso de vendas e crítica. Em 1988, foi a vez de Keith Richards lançar sua estreia solo, o elogiado "Talk Is Cheap". Finalmente, em 1989, os dois "fizeram as pazes". Os Rolling Stones lançam "Steel Wheels" e voltam a tocar ao vivo. Tanto Jagger quanto Richards gravaram mais discos depois, todos bem dignos. Nenhum fez muito sucesso, mas serviu para que eles pudessem tirar um descanso dos Stones, entre um ciclo de "álbum/turnê" e outro.



O show no Live Aid em 13 de julho de 1985
Mick Jagger

A crise alimentar vista na Etiópia e em outros países africanos, em meados dos anos 80, motivou uma série de eventos musicais que buscaram angariar fundos para ajudar as populações atingidas por aquela tragédia. Jagger e os Stones não participaram de "Do They Know It's Christmas?", o single beneficente que juntou astros do pop e rock da Inglaterra. Ele daria sua contribuição posteriormente. Primeiro regravando "Dancing In The Street", sucesso de Martha and The Vandellas, ao lado de David Bowie.

O single, com renda revertida para a causa, chegou ao número 1 na Inglaterra, a única vez em que ele chegou lá sem os Stones, e rendeu um clipe que já foi "vítima" de uma das melhores paródias da história da internet.

Em julho de 1985, dois grandes concertos foram organizados na Inglaterra e EUA. Jagger, Richards e também Ron Wood estavam na edição americana do Live Aid. Isso não significa que eles iriam tocar juntos. Com vocalista e guitarrista em pé de guerra, as performances foram feitas separadamente.

Mick subiu ao palco às 22h15, quase no fim da festa, mostrando duas músicas de seu disco solo. A coisa ferveu mesmo quando Tina Turner entrou em cena para cantar "Miss You", "State Of Shock" (que o cantor havia gravado com Michael Jackson no ano anterior) e "It's Only Rock 'n Roll (But I Like It)". Pode não ter sido como o Queen no Live Aid do Reino Unido, mas, ainda assim, foi uma das melhores apresentações daquele dia.

Richards e Wood entraram em seguida como acompanhantes de Bob Dylan, que decidiu, em cima da hora, mudar o repertório ensaiado previamente, ao mesmo tempo em que o palco era preparado para o "grand finale" (uma execução ao vivo de "We Are The World" com todos os participantes da festa). Desnecessário dizer que o encontro das três lendas do rock foi um dos maiores fiascos do dia. Richards bem-humorado, disse, anos depois, que eles pareciam três bêbados no palco.



O clipe e filme feitos no Brasil
Mick Jagger

Prestes a lançar "She's The Boss", Mick veio ao Rio de Janeiro para gravar um clipe, em uma época em que era raro vermos astros do rock por aqui. A visita foi amplamente coberta pela imprensa, até Glória Maria foi entrevistá-lo.

Quando, meses depois, o vídeo de "Just Another Night" foi lançado, foi impossível não ficarmos decepcionados. Afinal, ele praticamente só tinha cenas feitas em estúdio, e nada do visual carioca. O que não sabíamos é que aquela era só uma parte de um longa gravado no país. A divertida história do making of de "Running Out of Luck", que só foi lançado em 1987, pode ser lida aqui.




Lucas Jagger, o filho brasileiro
Mick Jagger
Mick Jagger (Foto: Instagram: @lucasjagger)

Como um dos grandes símbolos sexuais dos anos 60 e 70, Mick Jagger ganhou a fama de ter uma libido, digamos, bem exacerbada. Não à toa, o astro tem oito filhos com cinco mulheres diferentes, o mais novo nasceu em 2016. Ele chega aos 80 anos com cinco netos e três bisnetos.

Durante aproximadamente 20 anos, a partir de 1977, a parceira mais constante do músico foi a modelo Jerry Hall (que ele teria "roubado" de outro astro do rock inglês: Bryan Ferry, do Roxy Music). Os dois se casaram "não oficialmente" em 1990

Isso não impediu algumas "escapulidas" do cantor. Nos anos 90, um affair com a futura primeira-ministra francesa Carla Bruni foi bastante explorada pelos tabloides.

Para Jerry Hall a gota d'água se deu em 1998, quando ela descobriu que, durante a segunda passagem dos Stones pelo Brasil, seu parceiro havia engravidado a modelo Luciana Gimenez, que antes de se tornar apresentadora de televisão, já tinha uma carreira de modelo e acesso pleno ao jet set internacional. Hall se "divorciou" do marido em 1999, ainda que não tenha se beneficiado financeiramente da separação - a justiça inglesa considerou o casamento na Indonésia inválido (em 2016, ela se casaria, dessa vez de maneira oficial, com o bilionário Rupert Murdoch. Os dois se separaram em 2022).

Lucas Jagger, o filho de número sete, completou 24 anos recentemente e se dá muito bem com o pai rockstar.