A gente sabe que não é fácil acompanhar a quantidade de discos que semanalmente chegam ao mercado, especialmente se eles não estão no topo da "cadeia alimentar" do cenário. De forma que muitos álbuns muito interessantes acabam não atingindo um público mais amplo. Abaixo mostramos alguns trabalhos, de nomes grandes e outros nem tanto, que lançaram belos trabalhos recentemente e que, talvez, vocês ainda não tenham escutado.

"When You See Yourself" - Kings Of Leon

Depois de cinco anos, a família Followill (os irmãos Caleb, Nathan e Jared, mais o primo Matthew) está de volta, com um disco que está sendo considerado o melhor deles desde o clássico "Only by the Night" de 2008. O oitavo trabalho da banda, pode não ter o mesmo frescor dos trabalhos iniciais, o que é compreensível, mas, inegavelmente, mostra o quarteto em boa foram em canções mais densas e de grande impacto. Os fãs vão gostar, e quem, porventura, os abandonou em algum ponto na última década, pode dar uma nova chance para eles para, quem sabe, "reativar o relacionamento".



"Nunca Fomos Tão Lindos" - Frank Jorge e Kassin

Jorge é um dos grandes nomes do rock gaúcho desde os anos 80, com passagens pelos Cascaveletes e Graforreia Xilarmônica. No século 21 ele partiu para a carreira solo e começou a "largar o jovem-guarda por todo o país", com uma série de discos influenciados não só pelo iê-iê-iê, mas também o rock dos anos 60 e até o brega. Kassin é um dos maiores produtores do Brasil e também tem uma carreira solo marcada pela estranheza, o humor peculiar e o uso de ritmos variados - rock, pop, reggae, lambada e muito mais convivem harmonicamente no mundo dele. Esse disco marca o encontro destes dois artistas que têm muito em comum.

O resultado às vezes causa estranheza, com o produtor criando arranjos instrumentais que Frank Jorge certamente não imaginaria, para as suas melodias, mas é isso que torna esse trabalho tão interessante.



"As The Love Continues" - Mogwai

Há mais de duas décadas esses escoceses estão construindo uma carreira única, baseada no rock experimental, as músicas com vocais são raras, e, por muitas vezes barulhento - ainda que eles também tenham canções de grande lirismo. O surpreendente foi ver esse álbum deles, o décimo, ganhar não só os costumeiros elogios da imprensa, mas também chegar no topo da parada britânica. Se você está em busca de uma viagem musical diferente, vale embarcar.



"Carnage" - Nick Cave & Warren Ellis

Lançado de surpresa, esse disco pode ter passado meio batido por quem achou que se tratava de uma trilha sonora e não um "disco de canções". Isso porque Cave tende a trabalhar em dupla com Ellis principalmente em projetos cinematográficos - os discos "de carreira" são feitos com os Bad Seeds, onde Warren ganhou papel de inegável destaque nas últimas duas décadas.

O que temos aqui são oito canções de muita força e intensidade, no mesmo nível de qualquer trabalho que Cave já tenha feito em sua longa carreira, iniciada no fim dos anos 70. "Carnage" comprova, mais uma vez, que ele é um dos músicos de maior regularidade do planeta. Ele nunca lança um disco que pode ser chamado de abaixo da média. Quem é fã dele já sabe disso, se esse não é o seu caso, pode começar por aqui e depois escutar alguns de seus discos anteriores.



"Way Down In The Rust Bucket" - Neil Young

Em 1990 Neil Young passava por um renascimento artístico e comercial. Depois de uma década tida como perdida, o canadense voltou a fazer jus ao seu glorioso passado primeiro com o álbum "Freedom", de 1989 e, depois, com "Ragged Glory", gravado ao lado do Crazy Horse, a banda que desde 1969 o acompanhava em seus momentos mais vigorosos.

"Way Down..." é uma preciosidade para os fãs, ao trazer a íntegra de um show feito em um pequeno clube como aquecimento para a turnê que se seguiu (e que foi imortalizada no álbum "Weld" de 1991).

Apesar do clima intimista do lugar, Young, não poupou seu fôlego e tocou um set longo, são 19 músicas, incluindo sete, das dez, de "Ragged Glory" e mais hits e preciosidades, em mais de duas horas de música. Emocionante é pouco.



"Little Oblivions" - Julien Baker

Quem foi cativado, no ano passado, por Phoebe Bridgers e seu belo álbum "Punisher", tem tudo para gostar de Julien Baker, já que as duas, que também são amigas, trabalham em formatos semelhantes: as canções delicadas e confessionais que ficam entre o indie e o folk. Não a toa elas, e mais Lucy Dacus, têm o projeto em conjunto boygenius.

"Little Oblivions", é o terceiro trabalho de estúdio de Baker e foi coberto de elogios pela imprensa. Podem contar com a presença dele nas listas de melhores de 2021.



"Detroit Stories" - Alice Cooper

Aos 73 anos, recém completados, Vincent Furnier quis voltar ao início de sua carreira, quando Alice Cooper era uma banda, e não um artista solo, que arrepiava nos palcos de Detroit. Esta foii a primeira cidade que os abraçou, no final dos anos 60, e que tinha uma cena roqueira invejável, com Stooges, MC5 como maiores nomes.

"Detroit Stories" é uma grande celebração e traz Cooper ao lado de velhos e novos amigos: o produtor Bob Ezrin, que trabalhou com ele em diversos momentos fundamentais, os membros originais da sua banda, Wayne Kramer, do MC5, Mark Farner do Grand Funk Railroad e, entre os "novatos", o guitarrista Joe Bonamassa.