O fascínio exercido por Jimmy Page, Robert Plant, John Bonham e John Paul Jones no imaginário roqueiro é inigualável. Os quatro formaram o Led Zeppelin, talvez a banda que melhor defina os anos 70. Ainda que tenham sofrido um bocado nas mãos da crítica da época, o grupo se tornou rapidamente o mais popular do planeta com seus discos que tinham muito rock pesado é claro, mas que também abria espaço para influências de folk, country, blues e muito mais.
Hoje o grupo está canonizado e isso se deve muito ao fato deles serem donos de uma discografia enxuta, e em pelo menos 80% dos casos, irretocável. A morte prematura do baterista John Bonham pode ter apressado o fim do grupo - que verdade seja dita talvez não sobrevivesse aos anos 80, tão cruéis que eles foram com os artistas das décadas passadas - mas também serviu para colocá-los em um patamar só comparável ao dos Beatles.
A banda pode até ter ensaiado algumas voltas, mas elas sempre foram raras e em ocasiões especiais. A última delas foi em 2007, e só agora os fãs que não estiveram na O2 Arena Londrina vão saber o que aconteceu naquele dia com o lançamento de "Celebration Day", de 2012.
Essa é então uma ótima oportunidade para relembrarmos a trajetória dessa banda gigante em todos os sentidos. Estão aqui dissecados todos os discos do grupo lançados oficialmente e também falamos um pouco do que cada um deles fez após o término da banda. Ao final só resta uma certeza, mesmo tantos anos depois, como eles disseram em 1972: "A Canção Continua A Mesma".
"Led Zeppelin" - 1969
A estreia da banda não poderia ser mais poderosa com o grupo mostrando a que veio. O som é pesado e forte, mas também sabe ser lírico e acústico quando necessário.
Aqui estão vários clássicos imortais da banda - "Dazed And Confused", "Your Time Is Gonna Come", "Good Times Bad Times", enfim quase o disco todo. Não a toa ele é considerado uma das pedras fundamentais da história do rock.
Sabendo que as coisas aconteciam mesmo na América, os quatro embarcam imediatamente pra lá e começam a ralar para fazer a coisa acontecer por lá. A estratégia deu certo e o Led Zeppelin se tornou a princípio muito mais conhecido nos EUA que em sua Inglaterra natal. Mas isso logo iria mudar.
"Led Zeppelin II" - 1969
Sem perder muito tempo, a banda logo engatou um segundo álbum. "II" é para muitos o melhor disco deles. E periga mesmo ser. Afinal aqui temos alguns clássicos do tipo "imortal" como "Whole Lotta Love" e "Heartbreaker", baladas de primeira como "Thank You" e várias outras facetas deles.
Foi com esse álbum que a banda explodiu definitivamente e começou sua jornada para rapidamente se tornar a maior banda do planeta.
As vendas não nos deixam mentir. Só nos Estados Unidos já foram vendidas mais de 12 milhões de cópias do disco desde o seu lançamento e na Inglaterra ele já foi quatro vezes disco de platina. Ou seja, recomendado é pouco.
"Led Zeppelin III" - 1970
O terceiro disco a levar apenas o nome da banda mostra um grupo um pouco diferente. A faixa inicial até engana um pouco, afinal "Immigrant Song" é uma das músicas mais poderosas que eles fizeram em toda sua carreira, mas depois as coisas tomam outro rumo.
"Led III" é um álbum basicamente acústico, com boa parte de suas músicas compostas no "Bron-Yr-Aur", um sítio localizado no País de Gales que seria homenageado em uma das faixas do álbum.
O público estranhou um pouco e o álbum vendeu menos que seu predecessor, mas com o tempo "III" se tornou bastante querido, especialmente por soar tão diferente. Fora que além de belas baladas de acento folk o álbum carrega a inigualável "Since I've Been Loving You", que periga ser o melhor blues já escrito por brancos já ouvido.
"Led Zeppelin IV" - 1971
Se não é o melhor disco da banda, ele é seguramente o mais conhecido. O álbum sem título que ficou conhecido como "IV" de fato sintetiza tudo o que o Led significa. O primeiro lado é até hoje exemplo de diversidade e foco. Afinal ele apresenta rock básico - "Rock And Roll", hard rock da melhor safra - "Black Dog" e ainda tem uma pérola acústica em "The Battle Of Evermore" e, claro, o maior clássico da banda.
Falamos de "Stairway To Heaven" naturalmente, que mesmo contando com oito minutos e jamais ter sido lançada como single se tornou a música mais pedida nas FMs americanas durante os anos 70.
O antigo lado B era igualmente bom, ainda que exista uma piada recorrente de que a outra face era tão boa, mas tão boa, que muita gente jamais se preocupou em virar o disco.
"Houses Of The Holy" - 1972
Esse álbum foi lançado numa época em que a fama começava a cobrar o seu preço. É preciso entender que o Led Zeppelin funcionava quase como uma operação de guerra. E o general responsável pelas "ações" era o empresário Peter Grant. As histórias de brutalidade envolvendo a banda chegam a assustar e até hoje empresários e promotores de shows sentem calafrios só de ouvir falar no nome de Grant e do roadie e pau pra toda obra Richard Cole.
Voltando a "Houses Of The Holly", ele só comprova como o Zeppelin era especial. Afinal até num trabalho tido como menor a força da banda se faz presente. É claro que nem tudo aqui funciona - "The Crunge", uma tentativa de se fazer algo funkeado, sendo um bom exemplo.
"Houses" também aposta no ecletismo. "D'yer Mak'er" é uma espécie de reggae que costuma ser uma boa forma de mostrar a banda para crianças ou fãs de pop radiofônico. O disco ainda tem rock progressivo, a soturna "No Quarter" e mais um punhado de canções fundamentais - "Celebration Day", "The Song Remains The Same" e "Dancing Days".
"Physical Graffiti" - 1975
Claro que uma banda famosa pelos seus excessos, mais cedo ou mais tarde iria cometer o excesso maior para uma banda nos anos 70: lançar um disco duplo. Isso numa época em que a banda estava bem acabada, após turnês e mais turnês e os hábitos nada saudáveis de seus integrantes - Jimmy Page em particular andava muito ligado em magia negra, álcool, drogas e groupies menores de idade. Para piorar tudo, John Paul Jones andava insatisfeito e chegou a considerar deixar a banda.
Mesmo assim eles foram trabalhar. Ao final da sessões eles estavam com oito canções que não caberiam em um só LP. A solução encontrada então foi a de ir atrás de músicas que tinham ficado de fora dos discos anteriores para assim formar um disco duplo. No final, o que poderia ter se tornado uma colcha de retalhos sem muito sentido virou um dos melhores discos de rock já feitos. Ainda que não tenho tantos hits como os trabalhos anteriores - a épica "Kashmir" sendo a exceção - para muito esse é o álbum que melhor sintetiza a banda.
"Presence" - 1976
Aqui finalmente a coisa desandou. As gravações de "Presence" foram as mais conturbadas do grupo. Robert Plant precisou gravar seus vocais em uma cadeira de rodas enquanto se recuperava de um sério acidente automobilístico.
O resultado foi o disco da banda que menos vendeu (foram "apenas" três milhões de cópias) e o menos conhecido deles. Ainda assim "Presence" merece ser lembrado por dois grandes momentos: a longa "Achilles Last Stand" é uma espécie de embrião do metal dos anos 80 e a bluesy "Nobody's Fault But Mine" com o passar do tempo foi merecidamente coroada como um dos momentos mais perfeitos do quarteto.
"In Through the Out Door" - 1979
Foi nesse álbum que o clima começou a pesar de vez. Não no som, já que esse é de longe o disco mais pop e ameno do grupo, mas nas internas mesmo. O primeiro sinal de que algo não ia bem com o Led foi a demora para que o disco saísse, foram três anos desde "Presence". Se hoje é normal ver as grandes bandas demorando anos para lançar um novo trabalho, nos anos 70 o papo era diferente.
O maior motivo pelo atraso foi a devastadora morte do filho de Robert Plant. Karak morreu aos cinco anos vítima de um vírus misterioso em 1977.
Para completar o cenário de caos, Jimmy Page também estava nas últimas, cada vez mais enterrado em seus vícios. A cena musical também já era outra. O punk chegou com tudo, promovendo uma mudança radical nos pensamentos de muitos roqueiros que se viam cansados de artistas megalomaníacos e seus estilos de vida decadentes - desnecessário dizer que o Led Zeppelin foi uma das "vítimas" favoritas deles.
Nesse ambiente sobrou para o sempre quieto baixista John Paul Jones a função de salvar a pátria. É por isso que "In Through" soa tão diferente, principalmente pelo uso extensivo que John Paul fez dos sintetizadores.
O trabalho resultante é de longe o menos interessante do grupo. Ao mesmo tempo o acento pop do trabalho ajudou a colocá-los nas rádios, especialmente com a balada "All My Love" composta para Karak, e a fazê-los ouvidos por gente "não roqueira".
Após o lançamento o grupo resolveu voltar para a estrada. O show na Inglaterra em Knebworth juntou centenas de milhares de pessoas e tudo levava a crer que a banda chegaria aos anos 80 com fôlego renovado.
Infelizmente não era pra ser. Em 25 de setembro de 1980 John Bonham, talvez o maior baterista da história do rock, morreu vítima de uma severa intoxicação alcoólica - foram mais de dezesseis doses de vodca segundo consta.
A morte do músico deixou os remanescentes extremamente atordoados e não foi surpresa nenhuma o trio ter anunciado a decisão de não seguir em frente em respeito ao seu amigo falecido. Mais do que ninguém, eles sabiam que não tinha como existir um Led Zeppelin sem a presença de John Bonham.
"Coda" - 1982
A banda acabou, mas o contrato com a Atlantic exigia mais um álbum de inéditas. O que fazer então? O óbvio, vasculhar os arquivos e ver se havia algo que pudesse ser lançado. A busca até que se mostrou frutífera.
O antigo lado A tinha sobras do início dos anos 70. "We're Gonna Groove" era uma versão de "Groovin'" de Ben E. King (famoso por "Stand By Me") e quase entrou no segundo disco. "Walter's Walk" tinha ficado de fora de "Houses Of the Holly" e a acústica "Poor Town" do "Led III".
A segunda metade traz material das sessões mais recentes e em muitos casos melhores do que muita coisa que acabou entrando no disco final da banda. É de se perguntar por que "Ozone Baby" ou "Darlene" não encontraram espaço em "In Through The Outdoor".
"Coda" também traz um solo de bateria de Bonham que funciona como homenagem. "Bonzo Montreaux" talvez seja a prova definitiva de como Bonzo ? como era chamado pelos amigos ? era especial. Afinal não são muitos os bateristas que conseguem fazer um solo que você sinta vontade de ouvir novamente.
As Coletâneas
Se surgisse hoje em dia. o Led Zeppelin teria muita dificuldade em se adequar ao mercado. Pra começo de conversa eles eram contra o lançamento de compactos por acreditarem que os ouvintes deveriam ouvir os álbuns inteiros para sacar melhor o grupo. Logo, o grupo também não lançou nenhuma coletânea enquanto esteve em atividade.
O caixote "Led Zeppelin" (ou "Remasters" em sua versão mais simplificada) só saiu em 1990 para saciar os apetites dos fãs que estavam recomprando seus velhos discos de vinil em CD.
"The Best of Led Zeppelin" saiu no final dos anos 90 e condensou em dois CDs boa parte do acervo da banda. A compilação mais recente, e a mais recomendável, é "Mothership" de 2007, que conta com som remasterizado pelo próprio Jimmy Page. Essa coletânea foi lançada para marcar o início das vendas do catálogo do grupo no iTunes.
Agora verdade seja dita, a não ser que se queria ter uma seleção de músicas da banda no seu iPod ou ter um disco do grupo para deixar rolando numa festa, a melhor opção no caso deles ainda é a de ir nem que seja aos poucos, pegando os álbuns individualmente.
Álbuns Ao Vivo
Como toda banda gigante, o Led também lançou seu disco duplo ao vivo nos anos 70. "The Song Remains The Same" era na verdade a trilha do filme homônimo que flagrava a banda durante a turnê de "Houses Of The Holly" e seus integrantes em cenas de ficção - ou não no caso de Bonham. O disco é ok e nada mais que isso, e por anos havia a cobrança de um álbum ao vivo definitivo da banda - afinal o mercado de álbuns pirata estava cheio de shows mais explosivos do grupo.
Os fãs só foram atendidos bem mais tarde. Em 1997 saíram as "BBC Sessions" um cd duplo de grande valor histórico e musical. O primeiro cd tem sessões de 1969 com a banda ainda prestes a estourar e demonstrando um vigor que só grupos no início conseguem ter. O segundo disco tem sessões feitas dois anos mais tarde quando eles já eram uma das maiores, senão a maior, banda do planeta.
Mas se você quer o artefato definitivo da banda nos palcos então o lance é pegar o cd triplo "How The West was Won". Lançado em 2003, esse pacote traz a banda em diversos momentos e em todas a suas facetas, incluindo a indulgente como se pode verificar nas versões de 25 minutos de "Dazed And Confused" ou nos 20 minutos do solo de bateria de Bonham "Moby Dick". Por outro lado os 23 minutos de "Whole Lotta Love" são literalmente de arrepiar. Mas não se assustem, que o disco também traz faixas com duração mais ou menos normal.
Filmes e DVDs
Ao contrário de outros grandes nomes, o material em vídeo do Led é relativamente curto. "The Song Remains the Same" é o filme lançado em 1976 que mesmo sem trazer um show do tipo arrebatador tem lá seus momentos. Os interlúdios "de fantasia" com Plant de cavaleiro ou Page na busca do ermitão que está na capa interna do quarto álbum podem ser divertidos ou embaraçosos dependendo do gosto do freguês.
Os fãs da banda só puderam fazer a festa mesmo com o DVD "Led Zeppelin" de 2003. Esse sim traz tudo e um pouco mais que o fã espera. Cenas inéditas, shows quase na íntegra, entrevistas, clipes e muito mais. Não a toa ele se tornou o DVD mais vendido de todos os tempos com 1 milhão e 300 mil cópias nos EUA (e mais de 100 mil no Brasil).
Essa filmografia foi aumentada com o DVD "Celebration Day", quando finalmente pudemos ver em boa definição o show, único, que a banda fez em dezembro de 2007 para 20 mil sortudos em Londres com Jason Bonham substituindo seu falecido pai na bateria.
Depois do Led Zeppelin
Primeiro há de se louvar que os membros remanescentes tenham sempre evitado o máximo possível uma reunião do grupo, mesmo em momentos em que suas carreiras solo - ou tentativas de - estavam em baixa.
O Led Zeppelin com esse nome se reuniu em apenas três ocasiões: A primeira foi no Live Aid em 1985, o grande show beneficente que mobilizou todo o planeta. Contando com Phil Collins na bateria a performance da banda não foi das melhores e a banda proibiu que a performance deles fosse lançada no DVD do evento (mas os vídeos estão naturalmente no YouTube).
Em 1988 foi a vez de nova reunião dessa vez para celebrar os 40 anos da Atlantic Records onde o grupo tocou um set de 30 minutos.
A união final foi o show de 2007 apara celebrar a memória do antigo presidente da Atlantic Records Ahmett Ertegun.
Já Page e Plant se reuniram algumas vezes. A primeira em 1985 como The Honeydrippers onde, ao lado de Jeff Beck e outros músicos do mesmo quilate eles prestaram homenagem ao rock dos anos 50. O grupo lançou apenas um EP de onde saiu o hit "Sea Of Love".
Finalmente no meio dos anos 90 Page e Plant se reuniram de forma mais consistente. Primeiro para a gravação de um "Unplugged" da MTV. O resultado foi tão bom que os dois caíram na estrada. O show da dupla no Hollywood Rock de janeiro de 1996 é forte candidato a melhor show já visto no Brasil. A dupla lançou um disco de inéditas em 1998 ("Walking into Clarksdale") e depois voltou a se separar.
Quanto às carreiras solo como esperado apenas Robert Plant conseguiu viabilizar uma. Não que ele não tenha penado. Afinal não era nada fácil viver á sombra desse monstro chamado Led Zepellin, mas ele aos poucos foi construindo uma obra que tem lá seus momentos, ainda que seja preciso dar uma boa pesquisada para encontrá-los.
A carreira do cantor só decolou mesmo por incrível que pareça no século 21. Ali ele encontrou seu som - uma mistura de world music com a música de raíz americana - em uma série de belos álbuns. O ápice dessa fase se deu em 2007 com o lindo "Raising Sand" gravado com a cantora de bluegrass Alison Krauss. Elogiadíssimo, o álbum chegou ao segundo lugar da parada e foi merecidamente, coroado como um dos grandes discos desse começo de século.
A mais nova empreitada do cantor é o projeto com sua nova banda "The Sensational Space Shifters" que fez recentemente no Brasil algumas de suas primeiras apresentações mundiais.
Jimmy Page além da trilha para "Desejo de Matar 2" de 1982 lançou um disco solo em 1988 e depois preferiu dedicar-se a cuidar do legado da banda. Na década passada ele fez alguns shows ao lado dos Black Crowes tocando basicamente o repertório do Led.
John Paul Jones preferiu dar vazão ao seu lado mais experimental e de músico de estúdio. Ele fez arranjos para o REM, gravou com a cantora Diamanda Galas e mais recentemente integrou o Them Crooked Vultures ao lado de Josh Homme (do Queens Of The Stone Age) e Dave Grohl.
Hoje o grupo está canonizado e isso se deve muito ao fato deles serem donos de uma discografia enxuta, e em pelo menos 80% dos casos, irretocável. A morte prematura do baterista John Bonham pode ter apressado o fim do grupo - que verdade seja dita talvez não sobrevivesse aos anos 80, tão cruéis que eles foram com os artistas das décadas passadas - mas também serviu para colocá-los em um patamar só comparável ao dos Beatles.
A banda pode até ter ensaiado algumas voltas, mas elas sempre foram raras e em ocasiões especiais. A última delas foi em 2007, e só agora os fãs que não estiveram na O2 Arena Londrina vão saber o que aconteceu naquele dia com o lançamento de "Celebration Day", de 2012.
Essa é então uma ótima oportunidade para relembrarmos a trajetória dessa banda gigante em todos os sentidos. Estão aqui dissecados todos os discos do grupo lançados oficialmente e também falamos um pouco do que cada um deles fez após o término da banda. Ao final só resta uma certeza, mesmo tantos anos depois, como eles disseram em 1972: "A Canção Continua A Mesma".
"Led Zeppelin" - 1969
A estreia da banda não poderia ser mais poderosa com o grupo mostrando a que veio. O som é pesado e forte, mas também sabe ser lírico e acústico quando necessário.
Aqui estão vários clássicos imortais da banda - "Dazed And Confused", "Your Time Is Gonna Come", "Good Times Bad Times", enfim quase o disco todo. Não a toa ele é considerado uma das pedras fundamentais da história do rock.
Sabendo que as coisas aconteciam mesmo na América, os quatro embarcam imediatamente pra lá e começam a ralar para fazer a coisa acontecer por lá. A estratégia deu certo e o Led Zeppelin se tornou a princípio muito mais conhecido nos EUA que em sua Inglaterra natal. Mas isso logo iria mudar.
"Led Zeppelin II" - 1969
Sem perder muito tempo, a banda logo engatou um segundo álbum. "II" é para muitos o melhor disco deles. E periga mesmo ser. Afinal aqui temos alguns clássicos do tipo "imortal" como "Whole Lotta Love" e "Heartbreaker", baladas de primeira como "Thank You" e várias outras facetas deles.
Foi com esse álbum que a banda explodiu definitivamente e começou sua jornada para rapidamente se tornar a maior banda do planeta.
As vendas não nos deixam mentir. Só nos Estados Unidos já foram vendidas mais de 12 milhões de cópias do disco desde o seu lançamento e na Inglaterra ele já foi quatro vezes disco de platina. Ou seja, recomendado é pouco.
"Led Zeppelin III" - 1970
O terceiro disco a levar apenas o nome da banda mostra um grupo um pouco diferente. A faixa inicial até engana um pouco, afinal "Immigrant Song" é uma das músicas mais poderosas que eles fizeram em toda sua carreira, mas depois as coisas tomam outro rumo.
"Led III" é um álbum basicamente acústico, com boa parte de suas músicas compostas no "Bron-Yr-Aur", um sítio localizado no País de Gales que seria homenageado em uma das faixas do álbum.
O público estranhou um pouco e o álbum vendeu menos que seu predecessor, mas com o tempo "III" se tornou bastante querido, especialmente por soar tão diferente. Fora que além de belas baladas de acento folk o álbum carrega a inigualável "Since I've Been Loving You", que periga ser o melhor blues já escrito por brancos já ouvido.
"Led Zeppelin IV" - 1971
Se não é o melhor disco da banda, ele é seguramente o mais conhecido. O álbum sem título que ficou conhecido como "IV" de fato sintetiza tudo o que o Led significa. O primeiro lado é até hoje exemplo de diversidade e foco. Afinal ele apresenta rock básico - "Rock And Roll", hard rock da melhor safra - "Black Dog" e ainda tem uma pérola acústica em "The Battle Of Evermore" e, claro, o maior clássico da banda.
Falamos de "Stairway To Heaven" naturalmente, que mesmo contando com oito minutos e jamais ter sido lançada como single se tornou a música mais pedida nas FMs americanas durante os anos 70.
O antigo lado B era igualmente bom, ainda que exista uma piada recorrente de que a outra face era tão boa, mas tão boa, que muita gente jamais se preocupou em virar o disco.
"Houses Of The Holy" - 1972
Esse álbum foi lançado numa época em que a fama começava a cobrar o seu preço. É preciso entender que o Led Zeppelin funcionava quase como uma operação de guerra. E o general responsável pelas "ações" era o empresário Peter Grant. As histórias de brutalidade envolvendo a banda chegam a assustar e até hoje empresários e promotores de shows sentem calafrios só de ouvir falar no nome de Grant e do roadie e pau pra toda obra Richard Cole.
Voltando a "Houses Of The Holly", ele só comprova como o Zeppelin era especial. Afinal até num trabalho tido como menor a força da banda se faz presente. É claro que nem tudo aqui funciona - "The Crunge", uma tentativa de se fazer algo funkeado, sendo um bom exemplo.
"Houses" também aposta no ecletismo. "D'yer Mak'er" é uma espécie de reggae que costuma ser uma boa forma de mostrar a banda para crianças ou fãs de pop radiofônico. O disco ainda tem rock progressivo, a soturna "No Quarter" e mais um punhado de canções fundamentais - "Celebration Day", "The Song Remains The Same" e "Dancing Days".
"Physical Graffiti" - 1975
Claro que uma banda famosa pelos seus excessos, mais cedo ou mais tarde iria cometer o excesso maior para uma banda nos anos 70: lançar um disco duplo. Isso numa época em que a banda estava bem acabada, após turnês e mais turnês e os hábitos nada saudáveis de seus integrantes - Jimmy Page em particular andava muito ligado em magia negra, álcool, drogas e groupies menores de idade. Para piorar tudo, John Paul Jones andava insatisfeito e chegou a considerar deixar a banda.
Mesmo assim eles foram trabalhar. Ao final da sessões eles estavam com oito canções que não caberiam em um só LP. A solução encontrada então foi a de ir atrás de músicas que tinham ficado de fora dos discos anteriores para assim formar um disco duplo. No final, o que poderia ter se tornado uma colcha de retalhos sem muito sentido virou um dos melhores discos de rock já feitos. Ainda que não tenho tantos hits como os trabalhos anteriores - a épica "Kashmir" sendo a exceção - para muito esse é o álbum que melhor sintetiza a banda.
"Presence" - 1976
Aqui finalmente a coisa desandou. As gravações de "Presence" foram as mais conturbadas do grupo. Robert Plant precisou gravar seus vocais em uma cadeira de rodas enquanto se recuperava de um sério acidente automobilístico.
O resultado foi o disco da banda que menos vendeu (foram "apenas" três milhões de cópias) e o menos conhecido deles. Ainda assim "Presence" merece ser lembrado por dois grandes momentos: a longa "Achilles Last Stand" é uma espécie de embrião do metal dos anos 80 e a bluesy "Nobody's Fault But Mine" com o passar do tempo foi merecidamente coroada como um dos momentos mais perfeitos do quarteto.
"In Through the Out Door" - 1979
Foi nesse álbum que o clima começou a pesar de vez. Não no som, já que esse é de longe o disco mais pop e ameno do grupo, mas nas internas mesmo. O primeiro sinal de que algo não ia bem com o Led foi a demora para que o disco saísse, foram três anos desde "Presence". Se hoje é normal ver as grandes bandas demorando anos para lançar um novo trabalho, nos anos 70 o papo era diferente.
O maior motivo pelo atraso foi a devastadora morte do filho de Robert Plant. Karak morreu aos cinco anos vítima de um vírus misterioso em 1977.
Para completar o cenário de caos, Jimmy Page também estava nas últimas, cada vez mais enterrado em seus vícios. A cena musical também já era outra. O punk chegou com tudo, promovendo uma mudança radical nos pensamentos de muitos roqueiros que se viam cansados de artistas megalomaníacos e seus estilos de vida decadentes - desnecessário dizer que o Led Zeppelin foi uma das "vítimas" favoritas deles.
Nesse ambiente sobrou para o sempre quieto baixista John Paul Jones a função de salvar a pátria. É por isso que "In Through" soa tão diferente, principalmente pelo uso extensivo que John Paul fez dos sintetizadores.
O trabalho resultante é de longe o menos interessante do grupo. Ao mesmo tempo o acento pop do trabalho ajudou a colocá-los nas rádios, especialmente com a balada "All My Love" composta para Karak, e a fazê-los ouvidos por gente "não roqueira".
Após o lançamento o grupo resolveu voltar para a estrada. O show na Inglaterra em Knebworth juntou centenas de milhares de pessoas e tudo levava a crer que a banda chegaria aos anos 80 com fôlego renovado.
Infelizmente não era pra ser. Em 25 de setembro de 1980 John Bonham, talvez o maior baterista da história do rock, morreu vítima de uma severa intoxicação alcoólica - foram mais de dezesseis doses de vodca segundo consta.
A morte do músico deixou os remanescentes extremamente atordoados e não foi surpresa nenhuma o trio ter anunciado a decisão de não seguir em frente em respeito ao seu amigo falecido. Mais do que ninguém, eles sabiam que não tinha como existir um Led Zeppelin sem a presença de John Bonham.
"Coda" - 1982
A banda acabou, mas o contrato com a Atlantic exigia mais um álbum de inéditas. O que fazer então? O óbvio, vasculhar os arquivos e ver se havia algo que pudesse ser lançado. A busca até que se mostrou frutífera.
O antigo lado A tinha sobras do início dos anos 70. "We're Gonna Groove" era uma versão de "Groovin'" de Ben E. King (famoso por "Stand By Me") e quase entrou no segundo disco. "Walter's Walk" tinha ficado de fora de "Houses Of the Holly" e a acústica "Poor Town" do "Led III".
A segunda metade traz material das sessões mais recentes e em muitos casos melhores do que muita coisa que acabou entrando no disco final da banda. É de se perguntar por que "Ozone Baby" ou "Darlene" não encontraram espaço em "In Through The Outdoor".
"Coda" também traz um solo de bateria de Bonham que funciona como homenagem. "Bonzo Montreaux" talvez seja a prova definitiva de como Bonzo ? como era chamado pelos amigos ? era especial. Afinal não são muitos os bateristas que conseguem fazer um solo que você sinta vontade de ouvir novamente.
As Coletâneas
Se surgisse hoje em dia. o Led Zeppelin teria muita dificuldade em se adequar ao mercado. Pra começo de conversa eles eram contra o lançamento de compactos por acreditarem que os ouvintes deveriam ouvir os álbuns inteiros para sacar melhor o grupo. Logo, o grupo também não lançou nenhuma coletânea enquanto esteve em atividade.
O caixote "Led Zeppelin" (ou "Remasters" em sua versão mais simplificada) só saiu em 1990 para saciar os apetites dos fãs que estavam recomprando seus velhos discos de vinil em CD.
"The Best of Led Zeppelin" saiu no final dos anos 90 e condensou em dois CDs boa parte do acervo da banda. A compilação mais recente, e a mais recomendável, é "Mothership" de 2007, que conta com som remasterizado pelo próprio Jimmy Page. Essa coletânea foi lançada para marcar o início das vendas do catálogo do grupo no iTunes.
Agora verdade seja dita, a não ser que se queria ter uma seleção de músicas da banda no seu iPod ou ter um disco do grupo para deixar rolando numa festa, a melhor opção no caso deles ainda é a de ir nem que seja aos poucos, pegando os álbuns individualmente.
Álbuns Ao Vivo
Como toda banda gigante, o Led também lançou seu disco duplo ao vivo nos anos 70. "The Song Remains The Same" era na verdade a trilha do filme homônimo que flagrava a banda durante a turnê de "Houses Of The Holly" e seus integrantes em cenas de ficção - ou não no caso de Bonham. O disco é ok e nada mais que isso, e por anos havia a cobrança de um álbum ao vivo definitivo da banda - afinal o mercado de álbuns pirata estava cheio de shows mais explosivos do grupo.
Os fãs só foram atendidos bem mais tarde. Em 1997 saíram as "BBC Sessions" um cd duplo de grande valor histórico e musical. O primeiro cd tem sessões de 1969 com a banda ainda prestes a estourar e demonstrando um vigor que só grupos no início conseguem ter. O segundo disco tem sessões feitas dois anos mais tarde quando eles já eram uma das maiores, senão a maior, banda do planeta.
Mas se você quer o artefato definitivo da banda nos palcos então o lance é pegar o cd triplo "How The West was Won". Lançado em 2003, esse pacote traz a banda em diversos momentos e em todas a suas facetas, incluindo a indulgente como se pode verificar nas versões de 25 minutos de "Dazed And Confused" ou nos 20 minutos do solo de bateria de Bonham "Moby Dick". Por outro lado os 23 minutos de "Whole Lotta Love" são literalmente de arrepiar. Mas não se assustem, que o disco também traz faixas com duração mais ou menos normal.
Filmes e DVDs
Ao contrário de outros grandes nomes, o material em vídeo do Led é relativamente curto. "The Song Remains the Same" é o filme lançado em 1976 que mesmo sem trazer um show do tipo arrebatador tem lá seus momentos. Os interlúdios "de fantasia" com Plant de cavaleiro ou Page na busca do ermitão que está na capa interna do quarto álbum podem ser divertidos ou embaraçosos dependendo do gosto do freguês.
Os fãs da banda só puderam fazer a festa mesmo com o DVD "Led Zeppelin" de 2003. Esse sim traz tudo e um pouco mais que o fã espera. Cenas inéditas, shows quase na íntegra, entrevistas, clipes e muito mais. Não a toa ele se tornou o DVD mais vendido de todos os tempos com 1 milhão e 300 mil cópias nos EUA (e mais de 100 mil no Brasil).
Essa filmografia foi aumentada com o DVD "Celebration Day", quando finalmente pudemos ver em boa definição o show, único, que a banda fez em dezembro de 2007 para 20 mil sortudos em Londres com Jason Bonham substituindo seu falecido pai na bateria.
Depois do Led Zeppelin
Primeiro há de se louvar que os membros remanescentes tenham sempre evitado o máximo possível uma reunião do grupo, mesmo em momentos em que suas carreiras solo - ou tentativas de - estavam em baixa.
O Led Zeppelin com esse nome se reuniu em apenas três ocasiões: A primeira foi no Live Aid em 1985, o grande show beneficente que mobilizou todo o planeta. Contando com Phil Collins na bateria a performance da banda não foi das melhores e a banda proibiu que a performance deles fosse lançada no DVD do evento (mas os vídeos estão naturalmente no YouTube).
Em 1988 foi a vez de nova reunião dessa vez para celebrar os 40 anos da Atlantic Records onde o grupo tocou um set de 30 minutos.
A união final foi o show de 2007 apara celebrar a memória do antigo presidente da Atlantic Records Ahmett Ertegun.
Já Page e Plant se reuniram algumas vezes. A primeira em 1985 como The Honeydrippers onde, ao lado de Jeff Beck e outros músicos do mesmo quilate eles prestaram homenagem ao rock dos anos 50. O grupo lançou apenas um EP de onde saiu o hit "Sea Of Love".
Finalmente no meio dos anos 90 Page e Plant se reuniram de forma mais consistente. Primeiro para a gravação de um "Unplugged" da MTV. O resultado foi tão bom que os dois caíram na estrada. O show da dupla no Hollywood Rock de janeiro de 1996 é forte candidato a melhor show já visto no Brasil. A dupla lançou um disco de inéditas em 1998 ("Walking into Clarksdale") e depois voltou a se separar.
Quanto às carreiras solo como esperado apenas Robert Plant conseguiu viabilizar uma. Não que ele não tenha penado. Afinal não era nada fácil viver á sombra desse monstro chamado Led Zepellin, mas ele aos poucos foi construindo uma obra que tem lá seus momentos, ainda que seja preciso dar uma boa pesquisada para encontrá-los.
A carreira do cantor só decolou mesmo por incrível que pareça no século 21. Ali ele encontrou seu som - uma mistura de world music com a música de raíz americana - em uma série de belos álbuns. O ápice dessa fase se deu em 2007 com o lindo "Raising Sand" gravado com a cantora de bluegrass Alison Krauss. Elogiadíssimo, o álbum chegou ao segundo lugar da parada e foi merecidamente, coroado como um dos grandes discos desse começo de século.
A mais nova empreitada do cantor é o projeto com sua nova banda "The Sensational Space Shifters" que fez recentemente no Brasil algumas de suas primeiras apresentações mundiais.
Jimmy Page além da trilha para "Desejo de Matar 2" de 1982 lançou um disco solo em 1988 e depois preferiu dedicar-se a cuidar do legado da banda. Na década passada ele fez alguns shows ao lado dos Black Crowes tocando basicamente o repertório do Led.
John Paul Jones preferiu dar vazão ao seu lado mais experimental e de músico de estúdio. Ele fez arranjos para o REM, gravou com a cantora Diamanda Galas e mais recentemente integrou o Them Crooked Vultures ao lado de Josh Homme (do Queens Of The Stone Age) e Dave Grohl.