Há exatos quinze anos o síndico Tim Maia pegou o elevador para nunca mais descer. Brigado com as grandes gravadoras, com a voz já definhando e cheio de dívidas um dos maiores cantores da música brasileira acabou vítima de seus excessos com meros 55 anos.

Felizmente ele deixou uma obra vasta o bastante para que a saudade seja ao menos aplacada. Já o seu bom-humor e lingua ferina fazem muita falta - imaginem como seria o Twitter dele...

Tim Maia morreu vítima de falência múltipla dos órgãos após passar uma semana hospitalizado depois de passar mal quando começava a gravar um especial de televisão.

Como era esperado a sua morte reascendeu o interesse do público por seus discos e aos poucos eles foram sendo relançados e foi assim que toda uma nova geração pôde finalmente conhecer melhor o cantor e descobrir que muito mais que um cantor folclórico Tim Maia foi um dos maiores gênios da nossa música, genialidade essa que começa também a ser descoberta no exterior - recentemente ele teve uma compilação lançada no exterior que recebeu ótimas críticas.

O Vagalume relembra os 15 anos de morte de Tim Maia com alguns momentos fundamentais do cantor que introduziu a black music na MPB.

O início e o gosto do sucesso

Tim Maia
Tim Maia Tim Maia na época em que morou nos EUA
Tim era da mesma turma tijucana que deu á MPB Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Enquanto seus amigos ficavam famosos com a Jovem-Guarda ele estava penando nos Estados Unidos onde passou seis anos fazendo bicos e tentando, sem sucesso, engrenar uma carreira artística.

Ao voltar, sem dinheiro, mas sabendo tudo sobre a música negra americana ele foi tentando se reenturmar.

No fim dos anos 60 ele gravou compactos sem sucesso e convenceu o já mega-famoso Roberto Carlos a gravar a sua Não Vou Ficar para seu disco de 1969.

No mesmo ano ele aparece ao fazer dueto com Elis Regina em These Are The Songs. O primeiro disco sai finalmente em 1970 e estoura com clássicos como Azul Da Cor Do Mar e Primavera (Vai Chuva). A fórmula de soul-funk-samba-MPB rendeu mais três discos de grande sucesso.

Fase Racional

DivulgaçãoTim Maia letras
Em 1974 Tim em uma de suas tradicionais pirações entrou de cabeça em uma seita com sede em Nova Iguaçu chamada "Universo em Desencanto". o cantor então transforma todas as faixas que estava gravando em hinos de pregação e acaba dispensado de sua gravadora.

Por conta própria ele lança os dois volumes de "Tim Maia Racional" e segue em busca da iluminação. O público obviamente não entendeu nada. Desiludido Tim abandona a seita, destrói as cópias dos discos e nunca mais os reedita.

Os álbuns com o tempo adquirem estatus míticos e as raras cópias trocam e mãos por pequenas fortunas.


Confira um vídeo raro onde Tim Maia canta alguns de seus sucessos e também Imunização Racional (Que Beleza) a faixa mais conhecida da "fase racional".



Disco Music

Tim Maia volta então para a música do corpo lançando discos de grande qualidade mas pouco sucesso. Ele só retorna à boca do povo em 1978 junto com a onda disco. São dessa época faixas como Acenda O Farol e Sossego que está no vídeo abaixo.



Anos 80 e além

DivulgaçãoTim Maia letras
Nos anos 80 Tim fez mais sucesso com baladas que por muitos foram chamadas de brega como Me Dê Motivo ou Pede a Ela. Mas ele também entregou alguns clássicos para a nossa música dançante. Alguém imagina a vida sem Do Leme Ao Pontal ou Descobridor Dos Sete Mares?
Por outro lado nessa época o artista começa a ficar menos conhecido que a sua persona pública; o cantor sem papas na língua, que falta em shows e briga com quem pode e não pode. Nos anos 90 ao se ver sem contrato com uma gravadora ele resolve lançar seus discos por conta própria - como já havia feito em outras ocasiões.

Só que desta vez o resultado foram álbuns com arranjos eletrônicos pobres e faixas que se repetem à exaustão. Ainda assim ocasionalmente era possível ver o seu gênio, especialmente quando ele regravou clássicos da bossa nova e da soul music.



Quer ouvir mais Tim Maia? Então confira a página dele aqui no Vagalume!