Após 14 anos Elton John está de volta ao Brasil com uma turnê repleta de hits e clássicos mais obscuros. o Vaga-lume traz aqui um guia pra quem vai aos shows ou pretende assisti-lo pela televisão.

Uma grande carreira

Elton John
Elton John Em 2009 Elton comemora os 40 anos de seu primeiro álbum (Foto: divulgação)
Antes de mais nada é preciso lembrar aos mais novos que Elton John é um dos mais brilhantes compositores que a música pop já viu nascer. Se você está entre os que acham que ele só é um baladeiro brega que faz canções para filmes da Disney faria por bem em dar uma checada ao menos em uma boa compilação do cara.

Na verdade essa visão distorcida não é só dos mais novos. Mesmo a Inglaterra levou um tempo para encará-lo como um artista sério. Especialmente porque ele estourou primeiro nos Estados Unidos o que sempre deixa os ingleses meio desconfiados.

Levantando Voo

Elton John
O período de ouro de sua carreira vai mais ou menos de 1970 até 1975, quando ele produziu loucamente. São nove álbuns de estúdio, mais discos ao vivo, alguns compactos e trilhas sonora, quase tudo bem acima da média. Na verdade ele lançou seu primeiro disco em 1969, já com o letrista Bernie Taupin, mas "Empty Sky" é daqueles discos que passou batido. A caminhada para o estrelato começou mesmo com seu segundo disco, intitulado simplesmente "Elton John" e que traz talvez a sua música mais querida, Your Song.

Foi graças a esse trabalho que o pianista se tornou um dos nomes mais quentes nos Estados Unidos onde se encaixou perfeitamente na onda de cantores e compositores que dominavam o cenário.

A paixão dele pela América e sua música nunca foram segredo e seu lançamento seguinte, algo comprovado com seu disco seguinte, "Tumbleweed Connection", outro grande trabalho.

Pra contrabalançar, logo depois Elton fez um disco mais ?britânico?. "Madman Across the Water? era quase progressivo com longas canções e arranjos intricados. Na época nem todos gostaram. Hoje em dia graças à sua faixa título e Tiny Dancer, usado no filme Quase Famosos ele já ganhou o status de clássico.

O dono das rádios

A virada mesmo ia se dar em 1972 com "Honky Chateau", o primeiro a alcançar o topo das paradas americanas (na Inglaterra ficou em segundo). A partir daí, o guitarrista Davey Johnstone mais o baterista Nigel Olson e o baixista Dee Murray passaram a acompanhá-lo também em suas gravações. Nigel e Davey seguem com ele. Dee Morreu em 2002.

Na estrada de discos dourados

Elton John
Elton John Os óculos extravagantes eram a marca registrada de Elton nos anos 70 (Foto: divulgação)
Daí pra frente a escalada foi violenta. O single Crocodile Rock foi seu primeiro n°1 nas paradas de compactos, assim como o disco "Don?t Shoot me I?m only the Piano player" (que também tinha Daniel).
Em outubro de 1973 saiu seu projeto mais ambicioso e bem sucedido, "Goodbye Yellow Brick Road", um álbum duplo que atingiu o topo das paradas não só na América como também na Inglaterra.
Brick Road o levou ao Hollywood Bowl (onde os Beatles haviam feito seus shows mais emblemáticos), e trouxe um punhado de canções que desde então nunca mais saíram do seu repertório.

Oito meses depois já tinha mais um álbum na praça. "Caribou" tinha cara de feito às pressas mas também não se pode descartar um disco com The Bitch Is Back e Don't Let The Sun Go Down On Me.

Lennon

O ano de 1974 seria ainda bastante gratificante. Elton tocou e cantou em Whatever Gets You Through The Night de John Lennon e apostou que caso a música chegasse ao número 1 o ex-guitarrista dos Beatles deveria se apresentar como convidado especial em seu show no Madison Square Garden. Não é preciso dizer que no dia 28 de novembro lá estava John Lennon cantando três músicas e fazendo sua última aparição em um palco. Whatever gets you... também foi a única vez que Lennon em vida atingiu o topo das paradas nos Estados Unidos.

No Limite

1975 foi o ano de "Captain Fantastic and the Brown Cowboys" sua última obra-prima indiscutível (em 2007 saiu a, boa, continuação do álbum, The Captain and me).
"Rock of the Westies", o disco seguinte, também vendeu muito bem, mas aí o ritmo constante de turnês, gravações, festas e mais o excesso de dinheiro e cocaína começaram a cobrar seu preço. "Blue Moves", outro disco duplo, chegou ao número 3, mas o cantor parecia cansado. Não a toa pouco depois ele anunciou que estava se despedindo da carreira.

Tentando ficar em pé

Óbvio que a despedida não aconteceu, mas quando ele retornou, tudo estava mudado: sua banda não estava mais ali (aliás desde Rock of the Westies Dee e Nigel estavam afastados) e, para a surpresa geral, nem Bernie Taupin. Não se pode dizer Elton John nunca mais fez nada à altura de seu passado e de seu talento. A habilidade estava lá e aparecia ocasionalmente. Empty Garden, Sad Songs, I'm Still Standing são apenas alguns exemplos, mas estava claro que o cantor estava perdido nos anos 80.

Depois soube-se que ele passava por enormes turbulências em sua vida pessoal, e problemas como bulimia, o vício em cocaína e em gastos irresponsáveis se acumularam. Até um casamento, obviamente fadado ao fracasso, ele arrumou, já que sua orientação homossexual era mais do que sabida.

Anos 90 - Rehabilitação, redenções, Oscar e Lady Di

Elton John
Os anos 90 serviram para dar equilíbrio a uma vida pra lá de atribulada. Em 1990 ele finalmente entrou em uma clínica de reabilitação. A motivação para essa mudança de vida foi o menino Ryan White, HIV positivo cujo caso comoveu a América e várias celebridades. Elton cantou no funeral do garoto.

Mesmo sem ter feito nenhum grande disco na década, esse foi um bom perído para o cantor que ganhou um Oscar por Can You Feel The Love Tonight?, da trilha do Rei Leão da Disney e pela gravação do single mais vendido da história: Candle In The Wind (1997), a música de 1973 que foi regravada com nova letra para homenagear sua amiga, a Princesa Diana

Fechando o Círculo (da Vida)

Elton John
Elton John Atualmente: mais comportado e livre de seus demônios (Foto: divulgação)
Elton John só relaxou mesmo no novo século. Seus três últimos discos são no mínimo muito bons, apesar de terem vendido menos do que mereciam. Um contrato milionário para uma série de shows em Las Vegas também foi concretizado. Por lá ele apresenta "The Red Piano", espetáculo multimídia de causar inveja em muita mega-estrela que o Brasil não vai ver. Isso não chega a ser um problema, já que "The Red Piano" conta com um set-list fixo que deixa muitos hits de fora. Ou seja, perde-se no aspecto visual mas ganha-se no sonoro. Uma troca justa.