Ando na rua da noite Bedo vinho de saudade Cada esquina é um acoite Fustigando a claridade
Vou de noite pela noite De uma vida sem idade Não há corpo onde me acoite Não há casas na cidade Vou de noite pelo ventre De ruas mal assombradas Levo uma alma doente Nas minhas mãos desfasadas
Vou de noite pela noite De uma vida sem idade No há corpo onde me acoite Não há casa na cidade No rio vejo um navio Rumando rumo à infância Tenho frio, tenho frio Morro do mal da distância
Corro as ruas da vida Sempre à procura de mim Mas ela não tem piedade E nunca mais chego ao fim
Ando na rua da vida Bebo sumo de tristeza Deitando contras à vida Sinto apenas a pobreza Ando na rua da vida Bebo sumo de tristeza Quem andar assim perdida Não se encontra concerteza
Vou de noite pelo ventre De ruas mal assombradas Levo uma alma doente Nas minhas mãos desfasadas
Na cama só vejo lama Na rua só piso água Quem me fala? Quem me chama O nome de Mulher-Mágoa? Corro as ruas da cidade Sempre à procura de mim Mas ela não tem piedade E nunca mais chego ao fim!
Composição: Ary dos santos - Nuno Nazareth Fernandes