Verso 1
Por que, quanto mais eu busco, mais eu perco?
E mais aumenta a sensação que diminui o cerco?
Sempre que me aproximo a resposta se afasta.
E quanto mais ando, mais a estrada se mostra vasta.
Quanto mais bondade desejo, mais ódio vejo,
e o mundo se posta tão oposto ao mundo que almejo.
E tanta vezes me sinto uma ilha num mar de gente.
Se sou tão igual, então, por que me olham diferente?
E referente ao que consta nas leis de Deus,
ninguém é menos ou mais,
mas alguns se acham mais iguais que eu.
E se acham Zeus no trono do Monte Olimpo.
Acham que sabem tudo, e nem um quinto da lição se absorveu.
Não enxergam!
Cegos, os pregos inflam egos.
Mente de lego.
Controlados com bonecos.
Ensaiam sobre a cegueira do espírito,
e esperam soluções que caiam como um raio do céu.
Mas não se movem.
Não andam, não correm.
Nascem, não crescem e morrem,
Em função de quê, por que, pra quem?
E aos milhares, criam-se normas e regras,
e padrões de estética que subtraem o valor da ética!
E dizem que o mundo avança...
Mas pra que lado?
Que ele caminha é certo,
mas de nada adianta se é rumo ao errado.
Rumo ao abismo, a esse poço sem fundo.
Resisto contra a corrente,
mas a corrente me puxa com o mundo.

Verso 2
Por que, eu tento mas não consigo entender,
a mente de quem se contenta somente em sobreviver.
Sem viver.
Em vão, coração batendo no peito,
Sem alma, sem sonho,
melhorando o ambiente pros outros igual decoração,
tipo disse o shaw.
Por que, é sempre eles que mandam,
e sempre eu tenho que obedecer?
Se eu não tô pra rei, não tô pra escravo.
Na real não nasci pra seguir, essas drogas de lei.
Querem que eu ande assim,
querem que eu fale assim, que eu me vista assim.
Que eu pense ser livre, quando na verdade eu tô preso,
a falsos valores, falsos senhores,
tentando ser ao menos real, em meio a tantos impostores.
Por que é tão difícil e eu não rendi?
Por que é tão caro e eu não me vendi?
Eu escrevo cê escuta.
Não pergunta o por que.
Vai ouvindo, daí um dia cê vai entender!