Mauricião Afroage
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Zezão da Silva 2

Mauricião Afroage


Tô aqui na humildade colando de novo
Pegando o microfone pra falar com meu povo
Agradeço a Deus por mais um dia e vou contar
O que aconteceu com o mano: o Zezão do bar
Ele tava de boa e andando a toa
Sentindo a separação do filho e da patroa
Vários parceiros colaram pra amenizar
E a anestesia, era as pinga no bar
De repente, tudo para de fazer sentido
Começa a ter receio da família e dos amigos
Perturbação da mente perde a noção ao cerco
Síndrome do pânico, disso é eleito
Vários meses, direto, fugindo de tudo
Sem noção do presente ou mesmo do futuro
Só pânico, pânico e saudades da família
Mesmo assim, vai seguindo a sua trilha
A fé nunca perde, isso é que ajuda
Anda de um lado pro outro é a maior tortura
Um ano, direto, às vezes sem comer
Muitas vezes, acordado, até o amanhecer
Casal firmeza vai embora, aí tudo piora
Sozinho em casa, acordado, até umas horas
Chega a falar sozinho, maior depressão
Só perseguição na mente e tremenda solidão
Foi ai, que ele colou, colou na vila
E deparou com a patroa, sua ex-, toda família
Pra ele, todos estavam em grande perigo
Não era a verdade mas acreditava naquilo
Fez um grande barraco, bem perto de uma esquina
Acabou numa viatura, Bezerra, fim de linha
Trancafiado pelas grandes mas parceiros da hora
Quem será que é mais louco, quem tá dentro ou quem tá
fora?
Lá dentro muita tristeza mas também humanidade
Muitas vezes mas que aqui, onde chamam sociedade
Lá dentro, muita leitura, exercícios e artesanato
Na oficina, do Mandela, ele fez um retrato
Mesmo assim, todos queriam sair a toda hora
Nada é melhor que a liberdade aqui de fora
Visita também é importante, não perca o horário
Pra ele foi de boa, levaram dinheiro e até cigarro
Entrou e saiu várias vezes mas um dia tava melhor
Mas as bombas eram de responsa, isso era o pior
Um dia num ponto qualquer, não viu o buzão chegar
Foi ai que percebeu, que dos remédios precisava
parar
Colou na igreja e começou a orar
Pedindo pra Deus. Pra Deus te libertar
Demorou algum tempo mas o milagre aconteceu
Parou de tomar, devagar, e ninguém percebeu
Os manos colaram, até gente que há muito não via
Isso fez a diferença e foi seguindo a sua trilha
Dia após dia ele foi se recuperando.
Se escreveu num projeto e acabou entrando
Uma bolsa de estudos conseguiu ganhar
Pra fazer a faculdade e voltar a trabalhar
Essa oportunidade, lhe trouxe de volta a mente
Ele podia até tá morto, enterrado como indigente
Sei que muitos, no mesmo corre, acabam numa vala
Se dar bem na vida não é sinônimo de quem trabalha
Mas o Zé é virado pra lua e nunca esquece daquilo
Foi ai que me contou, pra mim e pra alguns amigos
Pra ele, um mano pode voltar se tiver oportunidade
Ao invés de tudo isso, só tortura, morte e grade
Aconteceu com o mano, já faz alguns anos
Foi bombardeado. Não estava nos seus planos
Oportunidade e Deus tiraram o mano do fundo poço
Por isso não desista irmão. O resto é osso
Por isso não desista irmã. O resto é osso

Composição: Mauricião Afroage & Jeeh Afroage

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