Marco Vilane

Avesso

Marco Vilane

Avesso


Vou me esconder
Você viu o meu avesso
E hoje teço teias
Pra bem longe das paredes que te cercam
Por mais que o acaso me leve a teus braços
Hoje eu sigo outros passos
Ali nunca foi tão lá
Aqui nunca foi tão mar, tão neve
Em mim nunca foi tão ar, tão leve
Vento leva tudo em breve
O olho na fresta da porta aberta
Aperta, sufoca
Mas quem se importa desde que não veja
Mais fácil viver nessa crença
Já prova a ciência
O que os olhos não vêem
O coração também deseja
E esse vai ser nosso trato
Os pedaços de mim quebrados
Hão de ser restaurados por ti
Eu hei de tirar suas luvas
Te banhar de uvas
E beber seu vinho
Sozinho

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