Tão vamo, Tão vamo, ideia pra trincar pesado tamo de novo! Que o beat já começou e pelas ondas do toque vou começar me expressar!
Nego é difícil! Eu morar longe da escola cuidar de vários irmãos pra minha mãe ir trabalhar!
E a rua vem! Contando todos os segredos mostrando a diversão, eu vou me ludibriar!
E agora é tarde! Quando vi tava envolvido andando na contramão, não tem mais como voltar!
Nem vem de papo! Falando de igualdade e querendo dar sermão eu não vou nem escutar!
Você não viu! Cê tomava o seu Danone enquanto muitos com fome, tinham que ir estudar!
Você ouviu e você viu! Também sentiu, mas cê fingiu!
Sabe porquê? É que pra você, mais favorável fingir não ver!
A vida bate, a rua abraça, trocou a escola pra ir pra praça!
Então reflita, para e pensa e tenta criar um pouco de consciência
Vou te contar mais uma história parecida com a minha Que ocorre sempre todo dia e em toda esquina
O pequeno morador pra estudar descia a ladeira Pensando em sair pros frevos toda sexta feira
Pensado em colocar comida na geladeira Pobre, da pele escura e filho de mãe solteira
Até os 14 anos sonhava em encontrar a paz Até os 19 sonhava em encontrar o pai
Até os 23 sonhava em ganhar um salário Até os 25 não viu comida no armário
Mas a situação ainda pode piorar Pra colocar comida foi trampar e não estudar
Sem pai, cedo teve que homem virar Além de irmãos, tem um filho pra cuidar
Pra ele não fazia sentido o sinal da cruz Mas contava com a proteção de Jesus Pois quem se encontra sem saída O crime sempre seduz
Infelizmente as coisas iriam mudar Não valia a pena mais chorar
Largou o microfone, só dólar a todo custo Não tinha mais nome, agora é só o vulgo
Não tinha mais os sorrisinho Não tinha mais paz na quebrada Agora só segurava o radinho Agora só segurava quadrada
Mais o mundo do crime era bom Melhor momento da sua vida Chegava com marca de batom No celular altos contato de menina
Em casa as crianças faziam a feira O filho sempre andava trajado no bonde Vivia lotada a geladeira E o pivete portando Setemares e Billabong
Nos baile era outra criatura Sempre conhecido na praça Sempre cheirando as brite da pura E achava cheirosa a fumaça
Era herói das criancinhas Sempre ensinando na atitude Quem gostava de esporte, pagava escolinha Pros Mc da quebrada, pagava estúdio
Só que infelizmente se perdeu na função E de repente caiu numa situação
Na rua tem uns andam com o sorriso no rosto E inveja no coração
O mano andava armado Com um oitão e uma pistola entupida E para ele armaram Foi uma tremenda casinha
Ele saiu de casa e falou com o seu filho Pra ele ser forte e priorizar a família Parece que ele já pressentia O que o estava por vim
Saiu e acendeu o seu cigarro Prendeu bem, se pá, o ultimo trago
Quando do nada ele olha pra traz E ver uma moto com um rapaz Sacando e se opondo Acabando com a guerra por aquele ponto
Foram três tiros na retaguarda Ele só sentia sede e dor A blusa do filho da banhada de lágrima Esse era o triste fim do morador
Tão vamo lá! Que o beat já tá acabando mas enquanto eu tiver vivo não vou parar de cantar!
Nego é difícil, e só está começando somos guerreiros valentes e vamos sempre lutar!
Vamo pra rua, expor o que vivemos mostrar o que passamos, isso vai ter que mudar!
Ainda dá tempo, se há vida há esperança e se tem sopro tem vida, a minha voz vai falar!
Abre os ouvidos, eu vivo o que eu canto ou tu sai dessa tua bolha, ou eu vou ter que estourar!
E agora veja, enquanto poucos tem muito muitos tem pouco, vai dizer que isso não é um desgosto?
Você ouviu e você viu! Também sentiu, mas cê fingiu!
Sabe porquê? É pra você, mais favorável fingir não ver! A vida bate, a rua abraça, trocou a escola pra ir pra praça! Então reflita, para e pensa e tenta criar um pouco de consciência