Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça Levou-se a breca a vergonha e se acadelou a justiça Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça O velho fio de bigode hoje é uma barba postiça
Na minha terra: Malandragem, golpe baixo O famoso Cambalacho, há quem chame de linguiça O Sal esconde alguma coisa no tempero Mas eu sinto aquele cheiro inconfundível de carniça Um Sete Um, o Caixa dois, a safadeza Lembra o nervo e a impureza que vão dentro da linguiça
Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça Levou-se a breca a vergonha e se acadelou a justiça Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça O velho fio de bigode hoje é uma barba postiça
Quem cobra a doma e entrega um flete aporreado Faz igual ao deputado que não vota por preguiça Quem vende um laço ramalhado e com defeito Não é melhor que o prefeito que desvia e desperdiça Quem fura a fila não é nada diferente Do político influente que ata a ponta da linguiça
Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça Levou-se a breca a vergonha e se acadelou a justiça Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça O velho fio de bigode hoje é uma barba postiça
E o bolicheiro que se escora na balança Fala em ética, esperança, em princípios e premissas Faz propaganda do que vende olhando teso E com o dedo rouba peso no granel e na hortaliça Esse país que é tão gigante, meu parceiro Hoje em dia, cabe inteiro numa volta de linguiça
Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça Levou-se a breca a vergonha e se acadelou a justiça Virou linguiça, meu irmão, virou linguiça O velho fio de bigode hoje é uma barba postiça