Luccas Folha
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Sobre Transportes e Viagens Pelo Interior

Luccas Folha


Só estou no busão em mais um dia nublado
Passeio nesse frio mas já fui frio o mês inteiro, meu chegado
O fone é meu companheiro, ouço um som do passado
E percebo que o carcereiro tá tão preso quanto o encarceirado

Estou prendendo a liberdade
Põe essa mochila pra frente! Tá atrapalhando quem passa, ô Ansiedade!
Não uso banco preferencial
Prefiro viagens curando infelicidades

Valor salgad-dolorido o furo da faca
Cê tem passe pra vender pro outro lado da catraca?
Azar no amor, não é bom contar com a sorte
Nem sempre é sobre transporte, e se não souber lidar com o corte

Tua viagem vital será complicada
Psicografia não te leva até a chegada
Conselhos são bem-vindos mas o rim tá aí pra isso
Planeje teu trajeto mas não conte com uma ótima largada

Pegue a condução que lhe servir
De vez em quando vale à pena se aventurar no incerto
Vá a qualquer lugar por perto
Também vá ao fim do mundo se for pra tirar a dúvida do teto

Entre um semáforo, esquina ou escanteio,
Vejo um feio, um bonito, um belo e um esquisito
Atrito entre a conversa das senhoras
Desdenhando o vendedor de sonhos: "Vendendo porcaria essas horas?"

Engolir sapo pra ele não estava nos planos
Frequentar o inconveniente não é o melhor remédio
Mas acho que entendo o lado emissor
Em vez de estar roubando, estou matando o tédio

Com minha arte, minha escrita
Talvez simpática e abstrata, não diria bonita
Pois a beleza está nos olhos e nos ouvidos de quem interage
Admiro o oásis no final, não espero miragem

E assim vamos, ponto à ponto ligando as necessidades
Às costuras desse pano de concreto que chamamos de cidade
Ela é apertada e já sabemos muito bem
Que com transporte ou sem transporte atropelamos sentimentos que nos fazem de refém

Disso eu ainda vou me curar
Antes do ponto final, preciso me encontrar
Pois na porta do que vem por aí pretendo entrar
Enquanto deixo me florescer, uns tentam me podar

Há uma Rosa na fila do terminal
Que durou uma eternidade, mas murchou e então fez a baldeação
De floricultor, esse desbotou e está mal
Já que não tem como reajeitar a conexão

Corações se desconectam, e após essa viagem
O frio espalha a insegurança e a carência me beija
Mas temporariamente tudo isso passa
Quando no meu fone a próxima música chega, veja!

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