Liu & Léu
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Jogador na Igreja

Liu & Léu


declamado

No domingo eu fui na missa
Cumprir minha obrigação
Por não ter um livro de reza
Levei meu baraio na mão

Eu tava dentro da igreja
Com meu baraio elevado
Não enxerguei perto de mim
Um sargento ajoeiado

Dali a pouco o sargento
Foi dá parte ao delegado
Dizendo que na igreja
Tinha um homem cometendo um grande pecado

Dali a pouco na igreja
Vi entrá um sordado
Me disse logo, o senhor tá intimado
O doutor mandou lhe chamá pra sê interrogado

Eu fui e segui pra delegacia, a polícia me escoltando
Na rua que eu passava o povo tudo me olhando
Sem sabê o crime que eu tinha
De um baraio está levando

Assim que cheguei na presença do doutor
Ele foi me interrogando
Chamando-me de pecador
Perguntou se na igreja é lugar de jogador

Eu fui, respondi pra ele
Meu pensamento eu não faio
Fui lá rezá pra Deus
Diminuí o meu trabaio

Vou fazer a explicação
Pra depois de bem explicado
O doutor vai me dá razão
Vai vê que em todo baraio tem sincera devoção

Se pego um ás que tem uma pinta somente
Me alembro que existe um só Deus onipotente
Quando nóis chama por ele é certo que tá presente

Quando pego no 2 com gosto me lembro
Em duas tabuas de pedra o Criador escreveu
Quando na sarsa ardente pra Moisés apareceu

Quando pego no 3 rezo com sinceridade
Lembrando das três pessoa da Santíssima Trindade
Pai, Filho, Espírito Santo em um só Deus de verdade

Quando pego no 4, quatro de paus encruzado
Eu me alembro dos quatro cravo que Jesus foi cravado
Foi preso sem dever crime, morreu sem devê pecado

O 5 me faz lembrar daqueles dias de dor
As cinco chaga doída que sofreu Nosso Senhor
Derramou todo seu sangue pra salvar o pecador

Quando pego no 6 faço a comparação
Dos seis dias da semana na obra da criação
Em seis dias Deus fez tudo sem em nada pôr a mão

O 7 lembra a hora, hora triste amargurada
Dos sete passo de Cristo na sua paixão sagrada
Com sete espada de dor a mãe de Deus foi cravada

Quando pego no 8 que oito pinta contém
Me alembro que não se deve armar farso a ninguém
Quem arma falso pros outro o perdão no céu nunca tem

Quando pego no 9 vem logo a recordação
Dos nove mês ditoso da divina encarnação
Que Jesus passou no ventre da Virgem da Conceição

Quando pego no 10 não posso mais esquecê
Dez Mandamentos ficaram para os home se regê
Quem cumpre seus mandamento não qué sua alma perdê

Se pego na dama me alembro da Virgem Maria
Se não fosse Ela, ai de nós, o que seria?
Se é Ela a mãe de Deus e do pecador na agonia

Quando pego no reis vem logo na memória
Jesus Cristo poderoso, o divino rei da glória
Que não precisa de força pra alcançá a vitória

É anssim, senhor delegado, que na igreja eu fui rezá
Agora tô a suas ordem pra que vóis mecê desejá
Ou me prende no xadrez ou me deixa retirá

Delegado pensô, pensô, não achou o que falá
Viu que eu tinha razão e começô a perguntá
Por que motivo eu deixava o valete sem contá

Eu fui e respondi pra ele, o valete é carta ruim
Nunca vi tão ruim assim
Quando compro um baraio no valete já dou fim
Pois parece com aquele sargento que veio dá parte de mim

(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)

Composição: Motinha

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