Num baile que eu fui na Terra Vermeia
Tive que dançá com uma véia feia
A véia era careca e não tinha oreia
Era barriguda que nem baleia
Um carão redondo igual lua cheia

Ela me chamou pra dançá um xote
A véia dançava e dava pinote
O papo da véia era igual um pote
O papo da véia tem três pelote
Cheio de dente que nem serrote

O nome da véia diz que é Marcela
Ela qué um moço pra casá com ela
Eu sartei de banda dessa esparrela
A boca da véia é igual gamela
Ela engole inteira uma mortandela

A marvada véia me aborreceu
Me deu um abraço que meu peito doeu
O pessoár caçoava do jeito meu
A fotografia que a véia me deu
Mandei numa carta lá pro museu

Abracei a véia e peguei dançá
A marvada véia pegou a suspirá
E o papo da véia pegou a suá
O papo da véia cheirou gambá
Eu larguei a véia
(“E depois, companheiro? ”)
Deixa isso pra lá

(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)