Faca lambendo no fio
O boi no pasto caiu
Na punhalada certeira
O sangue veio golfando
E o boi ficou se pateando
No aço da carneadeira
Destino já sentenciado
Saiu do brete laçado
Na cincha de uma gateada
Redemunhando a sangria
A veia então se partia
Numa xerenga prateada

Ficou de olho vidrado
Sem lume o boi colorado
Dando seu ultimo berro
Da bainha veio a morte
Por um culo invez da sorte
No clavaço frio do ferro

Igual broto de vertente
Pois o sangue vinha quente
Coloreando o pastoreio
Ao berrar o colorado
Já caiu descarronado
Se entregando pro garreio
Ficou de pata parada
Sem escutar a risada
Deste que foi o carrasco
Faca chairada a preceito
Riscando o osso do peito
Vindo da banda no casco

Boi gordo morre sangrado
Seu matambre é sacado
Primeiro talho da fome
Por isso que é se mata
Se o boi morreu pela faca
Foi pro consumo do homem