Sabe quem é aquele home?... É o Chico- O Chico só Como um bicho fugitivo Rastejando pelo pó Barbudo, rasgado e sujo Tão triste de faze dó
Fugindo de todo mundo Vive sempre a se escondê Vara o dia entocaiado Prá de noite aparecê Se arguém pergunta: - O que sente? Só se limita a dizê:
- Se eu fujo da sociedade Não me pergunte porquê Sou um covarde nojento Que não devia vivê Sou um patife, pois não tive Coragem nem prá morrê
Tudo aconteceu num dia Naquela cruis da picada Pois aquela cruis devia Ter outra cruis pariada A minha cruis, porque aquela É a cruis de minha amada
Nosso amô que era tão grande Foi tão depressa acabá Um dia fiquei doente Fui ao dotô consurtá Que me disse:- Sua doença É impossivel de curá
Vortei prá casa chorando Pro meu bem eu fui dizê: - Se o seu amô é sincero Você deve prometê Ir comigo até a picada Prá nóis dois juntos morrê
Ela disse:- Eu cumprirei O que sempre prometi Na vida como na morte Quero tá junto de ti Não casamo aqui na terra Lá no céu vamo se uni
Preparamo os veneno Meu amô logo bebeu Quando vi ela morrendo Meu corpo estremeceu Quis levá o copo na boca Mas a coragem não deu
Achei a morte tão feia Que eu senti o corpo tremê Vi ela morrê a meus pés Inocente, sem devê Como um bicho enfurecido Desabalei a corrê
Corri gritando:- Me matem Pois eu não devo vivê Me farta força e coragem Para o veneno bebê Meu amô morreu por mim Por ela eu devia morrê
Mas ninguém quis me matá Nem um tiro eu não valia Fiquei sozinho gritando Dentro da noite vazia Desmaiei na noite escura Só despertei noutro dia
Disto já fais déis anos E a morte não me levô Por castigo, até a doença O destino me curô Só prá eu ficá mais tempo Distante do meu amô
Do mundo tenho vergonha Também não queria morrê Se existisse um outro mundo Que eu pudesse me escondê Longe de tudo e de todos Seria bom, pode crê
Por isso eu fujo, e não quero Que por mim nada me faça Quando me vê não me chame Não sou ninguém, sou fumaça Digam apenas:- É Chico só AQuele vulto que passa