Certa feita me ajustei Na estância do seu ponciano Pra domar um bagual picasso Que beirava os cinco anos Crioulo ali dos queimados Lindeiro da terra dura esse picasso afamado Pingo de linda figura Era o senhor das coxilhas Sem nunca ter visto o laço Tinha por cama as flexilhas O famoso bagual picasso Trouxe junto com a manada Da invernada capororóca Bufando e corcoveando E coiçando na massaroca
E ao chegar na mangueira Deixei a poeira baixar Enquanto a peonada faceira Mateava a te contemplar Discussões e gargalhadas Lá na frente do galpão Gabolices e patacuadas Das lidas de domação Com jeito botei o laço Golpeando senti o perigo Aos coices e manotaços Passei - lhe o pé de amigo Arreglei as loncas do lombo Daquele picaço infame Arcado que nem porongo Que dá em cerca de arame
Alcei a perna seguro No santo antônio de prata Já foi escondendo o quengo No meio das duas patas Saiu berrando e corcoveando Só ouvia o ranger dos bastos Várzeas, canhadas e coxilhas Cruzamos riscando os pastos Ficamos horas estraviados Pras bandas do boqueirão Às vezes perto das nuvens Outras pertinho do chão Se debulhando o endiabrado Do puarva madurão "inté" parecia um mandado Que vinha rachando o chão
Entregou-se o rei das coxilas E atende a qualquer upa Ficou bueno de encilha E bem mansinho de garupa