Janine Mathias
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Maracatu do Meu Avô

Janine Mathias

Dendê


Meu avô nasceu onde o sol morre
E se afoga em fogo em pleno mar
Onde o vento Harmattan que vem do norte
Cospe rubras fagulhas pelo ar
Meu avô tinha o ofício de ferreiro
E quem mexe na forja é Ogum
E nascendo ferreiro foi guerreiro.

Meu avô não foi qualquer um
Não foi qualquer um, não foi qualquer um.

Uma noite no Golfo de Benin
Galeotas, galeras, galeões
Desembarcaram mercadores
Corsários, nautas e canhões
Vinham em busca do ouro Ashanti
Simulando interesse ter nenhum
Meu avô olhou dentro dos meus olhos.

Meu avô não foi qualquer um
Não foi qualquer um, não foi qualquer um.

Meu avô descobriu pros navegantes
Os dosséis do Songhai e do Mali
E lhes presenteou com sua alma
Entalhada em ébano e marfim
Revelou lindos bronzes do Ifé
E a grandeza infinita de Olorum
Meu avô conversava com Ifá.

Meu avô não foi qualquer um
Não foi qualquer um, não foi qualquer um.

Mas um dia esse avô foi barganhado
Por um bacamarte de metal
Três alfanjes, um chapéu rendado
Uma duas fiadas de coral
Mais um rolo de folhas de tabaco
Seis retalhos e três galões de rum
Isso e mais vinte e três lenços de linho.

Meu avô não foi qualquer um
Não foi qualquer um, não foi qualquer um.

Composição: Ney Lopes/Leonardo Bruno

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