Indolentes Pés de Abóbora

Comoção

Indolentes Pés de Abóbora


Como tu faz a ciência se não existe um Sujeito?
Banana, prego, martelo, minha vida é meu direito
Trabalho escravo que paga teu luxo e minha navalha
Sangram os olhos e o peito enquanto a elite gargalha

Corrido, caçado, preso, me veiculam ileso
Eu roubo, fujo, te drogo; minha culpa é teu desprezo
O que tu diz o teu cocho: meu prato-feito de resto
Da gema nobre, inocente, reflexo deste excesso

Por tu que muda o mundo acomodado, sentado
Eu, mudo, colo e engraxo na esteira do teu mercado
Gringo, loirinho, o intercâmbio, tudo que é importado
Mas quando é pobre ou preto, um sírio refugiado
Tu finge que não escuta, não vê e fica calado
Não importa o quanto tu grita, protesta contra o Estado
Se o que mesmo te afeta é o capital privado

E eu, sujeito normal, produzo e fico calado
Tu diz drogado, eu não tô; eu só tô assujeitado
Por todos ratos e carros que abrigam este congresso
Se isso é o democrático, eu que não quero progresso

Composição: Esther Rheinheimer

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