Cortei estrada, subi cerra e cochila No troteado no meu cavalo Alazão A noite cai e eu preparo minha erva Para espantar o amargo da solidão E amarrado na teia do sofrimento Também viajo no lombo da ilusão E o braseiro queima menos que a saudade E hora invade esse pobre coração
De madrugada o braseiro se apaga Da luz da lua ocupar o seu espaço Olho pro céu todo bordado de estrelas E sinto a falta do calor de um abraço Daquela china que me pialo pra sempre Igual boi de corte pialado por um laço Ouço a cigarra e o boi brasino com seu berro Os quero-quero e o relincho de um picasso
Com os pelegos no chão faço minha cama Para sonhar com o aconchego da estância Vejo passar na tela da minha mente Um vídeo-tape do tempo da minha infância Vejo eu guri montado em um petiço Vejo as ovelhas e um cuscu na vigilância Vejo engazeiro na beira de um riacho E um som guacho berrando lá na distância
O galo canta e eu desperto do meu sonho Que até então era uma realidade Pego o meu pito para seguir o meu destino De ser errante no garrão da liberdade Sempre trilhando a herança do meu pai Perculiando pelos bago da amizade De passo a passo eu vou agüentando os açóites De coice em coice da potranca da saudade