Nasci no mêi do mato,
No zoim do meu amor,
Na batida da zabumba,
Na pisada da fulô,
No cheiro da morena,
No matuto sonhador,
No sorriso da banguela,
No bebo conversador,
Na bancada da bodega,
Na rádio mais popular,
No chapéu de palha,
No balanço do ganzá,
No chiado da chinela,
No gago a cantarolar,
Nos cambito da magrela,
Que não para de dançar,
Nos cambito da magrela,
É forró pra se lascar...

Uma emoção que flui,
Um sentimento nu.

Forro é sentimento nu,
Despido de qualquer censura,
Faz da dor uma meiota,
E da tristeza rapadura,
Vaqueiro vira cowboy,
Eleição vira usura,
Sofredor vira herói,
Rapariga vira doçura.
Seja noite, seja dia,
Coração a latejar,
Trabalho para sol
E namoro para o luar,
Nos pés tenho a valentia,
Mãos pra sustentar o lar,
Fé no pescoço da “famía”,
De um dia melhorar,
No pecoço eu trago a fé,
Mas só o forro me faz rimar,

E vou morrer no mêi do mato,
Pois aqui é meu lugar,
Me deixe nos porta-retrato,
Pras criança se alembrar,
Que o forró dança a vida,
Do jeito mais popular,
Faz da arte sua lida,
Faz do povo seu cantar.
E no galope do cavalo,
Sigo pelo meu sertão,
Candeeiro solitário,
Alumiando a escuridão,
Minha terra, coisa linda,
Eterna cavilação,
Saudade que não se finda,
A mais profunda emoção,
E choro da sanfona,
A mais chorosa emoção,
Triângulo marcando passo,
A mais passada emoção,
E na parada do compasso,
A mais pausada emoção...