Duas da manhã, eu acordo Pesadelos não me deixam dormir Visões assustadoras, não suporto Essas imagens já não saem de mim
Não foi assim sempre Foi a guerra que me transformou Me tornou um homem doente De tanto ouvir gritos de dor
Ainda vejo em minha mente Meus amigos caídos ao chão Fosse soldado, sargento ou tenente As balas não tinham descriminação
Muitos morreram pelas minhas mãos E para cada um destes um pouco morri Vejo as cicatrizes dessa guerra em vão Lembro que seus motivos nunca descobri
Penso nas famílias dos que matei Vejo as famílias dos que conheci O que será de mim, não sei Não entendo porque também não morri
Guerra insana, pra provar o que? Que se é mais forte, tem mais poder? Porque os líderes não lutam suas guerras? Mandam os pobres para morrer por elas
Até minha morte sofrerei Com as visões dos que matei Com as visões dos que enterrei Mas, principalmente, por saber que errei
Errei ao me colocar naquela guerra sem propósitos Errei ao destruir casas, escolas, depósitos Errei ao atirar contra aquele que defendia seu povo Errei ao matar crianças, mulheres, velhos, de novo, e de novo...
Queria ter errado um dia E ter entrado na área inimiga Ser morto, ter meu descanso Essa dor interminável encerraria
Hoje já nem sei se depois da morte terei paz Esses fantasmas já não me deixam mais Espero um dia que você seja capaz De me perdoar, por matar seus pais