Mais uma madrugada Na mente mais um problema Tava escrevendo E é claro, de novo cê é o tema E eu sou gangue rua Sou beco e toda viela Sou todo o kamasutra A cor preta da aquarela Grafiteiro vagabundo Pintor de um novo sonho Cansei já desse assunto Então um novo eu componho É muita falassada de quem fala e não faz nada e eu, senso quieto e no final o papo é reto Jurado mas imbatível Passei pra outro nivel Acima do lixo, é o meu novo começo Declaro um novo início Tropeço mas eu insisto Eu nunca entro em xeque Marginal desde muleque Minha caneta tem gatilho Tenta, é impossível Droga nenhuma derruba A seringa não tem culpa Ela não vai funcionar Não tem loucura nenhuma É a realidade, deus que sabe eu to de bem, mas o mal é meu talento, to vivendo de momento Gangster ta violento, e eu nunca vou mudar Céu contigo é bem feliz Mas o inferno é meu lugar Então traz a diaba tudo que tem de garrafa
Vitória é bônus A gente muda de rua Mas nela não mudam os donos Devem ser dos cromossomos Tem que ter explicação É daqui que a gente vem A rua é minha profissão Namastê tá no meu peito E o peito nela também O jeito é ser o defeito Que você diz que não tem Minha casa era só briga Quando acabei na rua Eu vi que tinha família Ela que já teve sangue Teve caco de vidro E madame louca no funk De uma coisa eu duvido E pode virar assunto Porque rap vazio Se a rua tem conteúdo? Nela vende fino, farinha Eu vi de tudo Criança já engatilha E a mesma já faz o túmulo E a bala não é de brinquedo Se ela não tem família Pra que ter trava no dedo E o que passa lá no meio É a rua dando aula Se tu não tem o recreio
Vi um bandido, na mão uma arma E outro com outra, vestindo uma farda O primeiro roubava só pra seguir uma história esquecer da memória E o segundo o delito é julgar só pela capa E não pelo enredo, primeiro O julgamento, em cada beco, uma lei, e um tratamento Depois chega a viatura, tá preparado? Abaixado, acalmado, no mato Nada errado, ladrão memo de terno e sapato, e não mocado Meu terço é meu pecado, eu rezo pro nosso lado, e pelo inimigo, que quando eu to com sangue no olho, não tente bater comigo
Trem desgovernado nunca no mesmo trilho A mesma mão que cumprimenta É o dedo do gatilho Uns no porte de arma E eu portando o microfone Mostrando que a pouca idade Nunca me fez menos homem Também preciso do underground Como todo Mc Mas se eu só cantar violência Nós nunca vamos subir E eu não to me vendendo Tô cantando o que eu preciso E atrás do reconhecimento Joinville tem tons de cinza Em contraste ao céu azul Todo dia morre gente E o que eu não quero é ser mais um
Pátria amada idolatrada Quem vende droga tá preso Quem libera a venda veste farda