O tempo passa e o menino está parado
Espera o trocado pra matar a sua fome
O dia todo, todo dia ao acaso
Dorme num quarto sem telhado e sem sonhos

O povo passa apressado
E a mulher fica sentada na esquina
Com todos os filhos ao lado
Esperando uma ajuda divina

O que é que se pode fazer pra
acabar com essa tristeza
Deixa o dia amanhecer, mais
uma noite sem beleza

A empregada e o vigia vivem juntos
tem uma filha doente em casa
Que estuda numa escola estadual
Vive em fila de hospital

Somos todos pobres humilhados
Somos roubados todos os dias
Por um bando de safados
Dos poderes e cheios de mordomia
Poderosos