"Certo dia um baiano Pra tentar a sua sorte Veio à pé para São Paulo Deixando a terra do norte
Mas no meio do caminho O baiano se viu perdido Sem dinheiro e com fome Cansado e desiludido
Pediu comida numa casa Foi uma mulher que atendeu Nada tenho pra lhe dar Foi o que ela respondeu
Somente uma dúzia de ovos É o que posso lhe arranjar O baiano contente aceitou Prometendo um dia pagar"
Quando chegou em São Paulo Tudo a ele aconteceu O baiano teve sorte Em dez ano enriqueceu
Dono de grande fortuna Um dia ele resolveu Viajar pra sua terra Visitá os amigos seus
Mas no meio do caminho O baiano se lembrou De pagar aqueles ovos Que a mulher lhe arranjou
E pra lá se dirigiu Logo a casa ele encontrou Parou o seu carro na frente E na porta ele chegou
"- Bom dia minha senhora Bom dia Eu sou aquela pessoa pra quem a senhora vendeu uma dúzia de ovos pra matá a minha fome. Se lembra? E como eu prometi que um dia eu pagaria aqui estão dez mil cruzeiros pra pagá os ovos O que? São só dez mil cruzeiros? Depois de dez anos, eu não aceito Se eu tivesse posto aqueles ovos para chocar teriam nascido doze pintinhos Depois que estivessem grandes quantos ovos eu teria colhido para criar? E o senhor vem me falar em dez mil cruzeiros? Vou fazer a minha queixa pro juiz E pode tratá de se defende A senhora que sabe!
Ilustríssimo cidadão esta mulher lhe faz uma acusação a qual achamos justa Onde está o seu advogado de defesa? Meu advogado ficô de está aqui nesta hora Mas já passaram trinta minutos e o seu advogado não apareceu Não podemos esperar mais Vou proferir a sentença Levante-se o réu. Condeno a pagar Senhor juiz, senhor juiz, aqui estou Eu sou o advogado de defesa Atrasei porque eu estava cozinhando arroz e feijão para plantar em minhas terras Sim, cozinhar arroz e feijão para depois plantar? Onde já se viu isso? É, tem razão senhor juiz Esta senhora fritou uma dúzia de ovos para o meu cliente. Como é que de ovos fritos podem nascer pintinhos como está dizendo? "
O baiano satisfeito O advogado abraçou Ele deu cem mil cruzeiros Pra vitória que alcançou
A mulher chorou de raiva E maldizia também Este mundo é mesmo assim Quem muito quer nada tem