Nasce mal empregue O dom de amar Cresce o meu sincero Despeço-me do tempo pra voar E seu eu disser Já gelou Traz-me a vela que queimou O meu reverso De leigo confinado ao que emprestou
Sobre os meus olhos tens um rio Seca-me o rosto Sobre o meu dorso senil Mata-me o monstro
Foge Hesitar não faz largar a minha voz Ofegar, voltar É um mundo só pra sós Planos são a morte de meu ser E estamos nós Entregues ao destino que nos fez razão
Pra amarmos sem sentir Correndo nus sobre o asfalto do bramir E eu não consinto sem me dar Sem me oprimir Nunca vivi nas duras teias de existir
Mas corri sempre em contramão Do que há de certo Deixei tudo sobre o verão Sobre o deserto Os sonhos de biberão De chico esperto Talvez nunca viverão Em vez de perto
Diz-me como vou vencer Sobre a pressão Diz-me como vou vencer Meu furacão Diz-me a cor da dor do medo e da paixão Diz-me se vou sobreviver sem coração E a luz que brilha ofuscada pelo céu Sempre me trouxe a verdade mais cruel Na mentira mal contada que escrevi Sob a forma de uma canção para ti
E eu não consinto eu
Composição: Afonso Lima, Francisco Carballo Marcelino, Francisco Saiote, F. Leite, Mateus Carvalho