A dor do cocho é não ter ração pro gado A dor do gado é não achar capim no pasto A dor do pasto é não ver chuva há tanto tempo A dor do tempo é correr junto da morte A dor da morte é não acabar com os nordestinos A dor dos nordestinos é ter as penas exageradas E a viola por desculpa pra quem lhe pisou no lombo E lha lascou no cucurute vinte quilos de lajedo. Em vez de achatar pra caixa-prego o vagabundo, Que se deitou no trono e acordou num pau-de-sebo. Eh eh boi, eh boiada, eh boi A dor do jegue, tadin, nasceu sem chifre A dor do chifre é não nascer em certa gente A dor da gente é confiar demais nos outros A dor dos outros é que nem todo mundo é besta A dor da besta é não parir pra ter seu filho A dor pior de um filho é chorar e a mãe não ver. Tá chegando o fim das épocas, vai pegar fogo no mundo, E o pior, que os vagabundos toca música estrangeira Em vez de aproveitar o que é da gente do Nordeste. Vou chamar de mentiroso quem disser que é cabra da peste. A dor do sol é que ele não conhece a noite A dor da noite é que não tem mais seresteiro A dor do seresteiro é o medo da polícia A dor da polícia é ter ladrão no mundo inteiro A dor do mundo inteiro é que tá chegando gringo A dor pior de um gringo é outro gringo do outro lado. Não sei se tô errado, mas arrisco meu palpite De acabar com as bombas "atromba", encoivarar os rifles, Tocar fogo em toda tenda que é de fabricar canhão. Morre muito menas gente se a guerra for de facão...
Compositor: Wilson Oliveira Aragao (Wilson Aragao) ECAD: Obra #38934 Fonograma #713465