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Livro de Auto Ajuda

Facção Central


Talvez na vida passada tive orelha cortada, no rosto um F feito em brasa por fugir da senzala.

Fica os resíduos cármicos da minha reencarnação e hoje eu que marco o doutor com o F de Facção.

No epicentro da tragédia sou livro de auto ajuda, não ensino dar flor a quem te ataca de bazuca.

Mutilado de guerra, sem vocação pra pinóquio, meu oásis é sonda, eletrodo, antibiótico.

Quem maquia a hecatombe é cusão, playmobil, quer autografo, holofote com 01 de abril.

Não aspira o ar do DRE incinerando cocaína, não usa RG frio porque saiu sua preventiva.

Nunca teve a sensação do pé mexendo os dedos, na perna amputada por um tiro abaixo do joelho.

Vem assistir a telefuken de madeira preto e branco, chama de lar 4 tapume no barranco.

Só ter futuro catando a Frontier da colunista, pra fazer treta em pó na Bolívia.
Canto pra um dia andar no carro por nós projetado,
ver o DVD com a patente do favelado.

No vale dos ossos secos que eu piso ossos não ganham carne, tendões, nem espírito.

Ganham circulo de aço de pneu queimado, viram aroma de churrasco de humano calcinado.

FC não é unanimidade, unanimidade é burra, pros cusão apologia, pra favela auto ajuda.

AM, FM, é enxurrada de groselha, axé, sertanejo, pagode mela cueca.

Letras sem criatividade, preocupação social, o mesmo hit's em mil versões, fórmula comercial.

Música é prostituída. Pra que rap alto astral, cusão quer sorrir? Vai ver zorra total.

Quem vive vida tribal, caçando pra comer, não quer ouvir sobre goro, se comi puta no role.

Nosso suor fez a Paulista, o teatro, o museu, mais na placa de bronze não tem seu nome, nem o meu.

No seu paraíso o preconceito não é maquiado, o branco tem melhor salário que o negro no mesmo cargo.

O linguajar do jornalismo é código pro meu supletivo, só com Pasquali traduzindo no pé do ouvido.

Como se aramaico dissessem vou desfigurar você e nós de chapéu sem entender, rindo pra tv.

Na cabeça do justiceiro joguei de Uru, mais sou menos periculoso que a dona da Daslu.

Não tenho dólares na zorba, não recebo mensalão, nem sou a Universal com 10 milhões em dízimo no avião.

Quero crer em Allan Kardec, que após a morte há vida, um plano onde as almas se encontrem um dia.

Me apegar no improvável talvez traga o conforto, pra aceitar as missas de corpo presente no morro.

FC não é unanimidade, unanimidade é burra, pros cusão apologia, pra favela auto ajuda.

Século 20, bebida proibida, lei seca Alcapone, hora extra pra legista. Legalizada Smith Wesson, só não protege mais o bar, faz o brinde vira o copo só o que quer se matar.

Mais quem vai legalizar a galinha dos ovos dourados, coca é propina semanal pro sargento arrombado.

Lucro pra fábrica de arma, funerária, jornal, pra político, condomínio, guarda patrimonial.

Pra pobre é terno de tergal, véu extrema unção, cartaz com a nossa foto em forma de caixão.

Sei interpretar o sonho do fuzil automático, quis vender droga com meu logo no plástico.

Invandir a freqüência dos coxinhas no rádio amador, cola na boca e sua cabeça vai no isopor pro governador.

O homem com a mente é capaz de dobrar garfo, faz fugir pro exterior a família do empresário.

Preferi citar Hendrix, Maradona, Garrincha, alertar a favela sobre o álcool e a cocaína.

Citar que aqui plastifico o jornal do meu assalto, prêmio no crime é ser lembrado, ladrão bom era o finado.

Compor horror Stephen King não me fez realizado, queria contos felizes, tipo Monteiro Lobato.

Na prova dos nove tenho mais filantropia, que o hip hop massa de modelar da mídia.

FC não é unanimidade, unanimidade é burra, pros cusão apologia, pra favela auto ajuda.

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