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A Guerra Não Vai Acabar

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Facção Central: Ao Vivo


Aí promotor o pesadelo voltou
Censurou o clipe mas a guerra não acabou
Ainda tem defunto a cada 13 minutos
Na cidade entre as 15 mais violentas do mundo
A classe rica ainda dita a moda do inferno
Colete à prova de bala embaixo do terno
No ranking do sequestro 4º do planeta
51 por ano com capuz e sem orelha
Continua apologia na panela do barraco
Ao empresário na Cherokee desfigurado
180 mil presos, menor decapitado, cabeça arremessada no peito do soldado
O sistema carcerário ainda é curso pra latrocínio
Nota 10 no ensino de queimar seguro vivo
Família amarrada, miolo pelo quarto
Hollow point no doutor pra ver dólar no saco
Destaque da TV, sensacionalista
Que filma sem pudor o trabalho da perícia
Contando buraco no crânio do corpo do pai morto
Pela Glock que o sistema porco põe no morro
Mas pra mim é 286 quando falo do sangue que escorre do pescoço do vigia,
Dentro do carro forte, quanto descaso pra periferia
Transformar meu povo em carniça
Tem facção na pista
Sanguinário na rima

Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar
Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar
Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar
Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar

Não tem inquérito pra TV que tem a vadia nua
novela da 6, 7, 8 sem critério nem censura
É só meu rap que é nocivo pro sistema hipócrita
A justiça não quer ouvir que o moleque que o pai da as costas
Pode invadir seu ap, derruba sua porta
Mata seu parente pra paga treta de droga
Se tem sangue eu canto sangue
Se tem morte eu canto morte
Relato que leva o ladrão pro cofre
Não sou eu que coloco o mano lá no banco
Estourando o gerente, saindo trocando
Foi na TV que eu vi parte da polícia deitada
Assistindo o resgate, dominada desarmada
Delegada chorando desistindo do emprego
Meu clipe ainda era um sonho e é real o pesadelo
Eu não preciso estimula o latrocínio
Nem o sequestro relâmpago de um empresário rico
O brasil não dá escola, mas dá metralhadora
O brasil não dá comida, mas põe crack na rua toda
Não vem me colocar de bode expiatório
País falso moralista é você que quer velório
Aí tia da mansão, fazendo oração
Esperando o contato do sequestrador em vão
Seu filho deve tá morto, quer saber por quê?
Combater violência aqui é me calar ou me prender

Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar
Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar
Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar
Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar

Porquê não olham pro moleque sem infância no morro
De oitão na cinta, sangue na mente, apetitoso
Homicídio latrocínio só profetiza o óbvio
Cercado pelo crack a consequência é óbito
Vendo sua mãe catando fruta apodrecida
Rasgando o lixo, comendo o resto da burguesa galinha metida
Que quando vê um da favela pisa, acelera
Pra essa cadela só é gente quem tem lagosta na panela
A criança vira um monstro com 13 no pente
Quando percebe que a propaganda de bike, videogame
Play center, tênis, Danone, Mclanche
É só pro filho da madame
Carboniza um corpo, desfigura o rosto
Quando vê que pra ele é só pipa, água de esgoto
Não é desculpa pra revolta porque não é seu filho
O seu tá de Audi, alimentado, bem vestido
Vai se tornar empresário bem sucedido
Não vai precisar gritar assalto em nenhum ouvido
Facção é só um retrato da guerra civil brasileira
Da carnificina rotineira
Assusta menos que o menor muito louco espalhando seu miolo pelo visor
Do caixa eletrônico
Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar

Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar
Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar
Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar
Pode censurar, me prender, me matar
Não é assim promotor que a guerra vai acabar

Pode censurar, me prender, me matar

Composição: Eduardo E Dum-dum

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