De gole em gole, de bar em bar Desespera meu timbre num canto qualquer Talvez marginal, quem sabe poeta Quero minha rima cheirando a neon
De porre em porre, de trago em trago Caso o descaso com a minha certeza Da mesa torta a palavra cantada Desce outra dose que eu afino a entoada
[refrão] Da mesa posta ao copo trincado Ao drink virado, a noite vazia Ode a Boêmia, ode a chuva fina Ode a poesia fria, a madrugada vazia Ode a Boêmia!
Não me oferta teu gosto, dele estou cheio To farto de oferta de apreço ou desgosto Não quero o que é certo, não quero atenção Que a noite me engula e vômite canção
Da minha porta quero a rua, do céu a lua O compromisso eu desminto, um passo no acaso O asfalto reluz, a sola se gasta A cidade sempre amiga brinda odê a boêmia
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As luzes dos carros deixam um rastro Os drinks virados garantem meu porre Contemplo a cidade e nela me espelho Assumo meu vício de beber velocidade
As estrelas caminham pra dentro do dia A grana se acaba, a vontade esvazia A ressaca me grita na casa virada Quero antes a incerteza do jazz do que a certeza da vida