(Refrão) Mais um mano Da quebrada Perde a vida Sem razão Nessas guerras Malditas guerras Estou perdendo Meus irmãos.
Mais um mano da quebrada perde a vida sem razão, na mira da quadrada, na mira do oitão. Só dor e sofrimento pros amigos, pros parentes. Aqui é o mano Alan, mais um sobrevivente. Nas guerras entre quebradas vi muito irmão morrer. Aí mano Daninho esse som é pra você! È difícil acreditar que você se foi.Triste 15 de dezembro, ano de 2002. Tava na sua moto de rolê pela quebrada. Foi quando, de repente, caiu numa cilada. Tipo uma tocaia fizeram pra te pegar. Vários tiros pelas costas ao te verem passar. Mas só um acertou, só que foi na cabeça; Furou seu capacete, maluco, ó só que trêtá! Deixou um moleque que nem se quer viu nascer. Deixou um par de amigos que gostavam de você. Deixou sua família triste no maior desgosto. Sua mãe chorando, seu coroa quase louco. Ao ver seu filho morto de uma forma tão covarde. Aos 20 anos de idade, vítima da pilantragem. Na mira de um malandrinho cheio de patifarias. Que foi fuzilado em menos de 15 dias. Talvez isso até alivie a revolta, mas sei que nada irá trazer meu mano de volta.
(Repete Refrão)
27 de setembro de 2006, a violência maldita nos entristece outra vez. Dia de Cosme e Damião, era só alegria! A molecada catava bala; gritava; corria. Veio à noite, sete e meia, ainda era cedo, quando se ouve uma sessão de tiro no beco. A bala agora é de chumbo! Meu Deus, assim não dá! O anjo da morte, outra vez veio nos visitar. Levou o mano Badinho, tudo acontece de novo. Dezesseis anos de vida, um moleque tão novo. Morto na crocodilagem, como sempre acontece. Conviver com essa merda, ninguém merece! Vejo o meu povo se matando por qualquer motivo. Pra cada mano perdido, ganho dez inimigos. Como sobreviver nesse clima de guerra? Será que um dia haverá paz sobre essa terra?
(Repete Refrão)
Lembro da gente na quebrada são várias histórias. Bate uma saudade dos manos que hoje tão na memória. O Zé Chico, o Nilvan, o Gleisson, o Ligeirinho, o Badinho, o Nego, o Gílson, o Jardel, o Daninho. São tantos manos que os nomes não dá pra dizer. Mas tão em nossa memória, nunca vamos esquecer. Olhem por nós aí de cima porque aqui tá foda! É só trêtá na quebrada, tiro, sangue a toda hora. O jeito é viver de boa, se manter certinho. Mas sempre tem um pilantra pra cruzar seu caminho. Não quero saber de guerra, quero viver sem trêtá. Mas se preciso for, não abaixo a cabeça. Que Deus console o coração desse povo sofrido; de tantas mães que choram a perda de um filho. Leve os meus manos, Senhor, pra descansar no céu. E dê um pouco de paz pra esse mundo cruel.