Há um solitário inerte na esquina Distraído, ele fuma cigarros a esmo Cuidadoso com as suas possíveis sinas Ele tenta aplacar o seu dia tenso Com uma overdose de morfina Uma anestesia inútil contra a adrenalina Que deixa o seu sistema nervoso em ruínas
Permanecendo ali Encostado num muro frágil Com a sua face ocultada pela sombra Do imponente poste da sua guerra interior Ele observa nas janelas, vultos discretos Ele convive ao lado dos seus sentidos soturnos
Atrás de uma espessa cortina de neblina Atrás
Segurando as orlas do seu casaco jeans negro Escutando os gongos dos sinos da velha catedral Ele vê os ventos tremularem os estandartes Dos armistícios das repressões e demagogias Além da inquietante cidade labirinto Inquieto ele morde os lábios gelados Numa revolta contra o proselitismo
Um mar de cruzes brancas Retrata árduas lágrimas francas A sua angustia toma forma E o faz cair em tédio puro
Nesta cidade cheia de frias luzes Nessas montanhas de vidro e metal Nessas trilhas de minério e piche
A sua desilusão corta A face cansada da sua pátria Dividindo a sua metrópole cálida
As suas armas internas estão calmas Estão sem forças para retalhar Se fosse, seria por puro e cruel abuso Tudo isso eu não conduzo, acuso