Euler Luther Walkan
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Espessa Cortina (Anestesia inútil)

Euler Luther Walkan


Há um solitário inerte na esquina
Distraído, ele fuma cigarros a esmo
Cuidadoso com as suas possíveis sinas
Ele tenta aplacar o seu dia tenso
Com uma overdose de morfina
Uma anestesia inútil contra a adrenalina
Que deixa o seu sistema nervoso em ruínas

Permanecendo ali
Encostado num muro frágil
Com a sua face ocultada pela sombra
Do imponente poste da sua guerra interior
Ele observa nas janelas, vultos discretos
Ele convive ao lado dos seus sentidos soturnos

Atrás de uma espessa cortina de neblina
Atrás

Segurando as orlas do seu casaco jeans negro
Escutando os gongos dos sinos da velha catedral
Ele vê os ventos tremularem os estandartes
Dos armistícios das repressões e demagogias
Além da inquietante cidade labirinto
Inquieto ele morde os lábios gelados
Numa revolta contra o proselitismo

Um mar de cruzes brancas
Retrata árduas lágrimas francas
A sua angustia toma forma
E o faz cair em tédio puro

Nesta cidade cheia de frias luzes
Nessas montanhas de vidro e metal
Nessas trilhas de minério e piche

A sua desilusão corta
A face cansada da sua pátria
Dividindo a sua metrópole cálida

As suas armas internas estão calmas
Estão sem forças para retalhar
Se fosse, seria por puro e cruel abuso
Tudo isso eu não conduzo, acuso

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