Elba Ramalho
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Ao dividir em 2005 um CD com o compositor e sanfoneiro Dominguinhos, Elba Ramalho nada mais fez do que reafirmar a veia nordestina que salta em toda sua discografia, iniciada em 1979 com o LP Ave de Prata, editado pela CBS, companhia cujo catálogo hoje está incorporado ao acervo da gravadora Sony BMG.

Revelada em meados dos anos 70, no fluxo migratório que trouxe talentos nordestinos para o Sul do Brasil, Elba Maria Nunes Ramalho nasceu em 17 de agosto de 1951, em Conceição do Piancó, cidade do interior da Paraíba. Criada entre os baiões de Luiz Gonzaga e os pastoris (manifestação folclórica da cultura nordestina), a artista abraçou o rock em seus primeiros passos na música. Foi baterista do grupo feminino As Brasas. Mas, ao migrar para o Rio em 1974, agregada ao Quinteto Violado para participar do espetáculo A Feira, Elba acabaria se tornando a voz do Nordeste que ecoaria em todo o Brasil para dar continuidade ao legado de Luiz Gonzaga.

Num primeiro momento, a cantora aproveitou a veia dramática de seu canto para atuar no teatro carioca. Sua participação na primeira montagem da Ópera do Malandro – em que vivia a personagem Lúcia e dividia o número “O Meu Amor” com a atriz Marieta Severo – chamou a atenção da crítica e do autor do espetáculo (ninguém menos do que Chico Buarque) para a voz agreste e forte da iniciante cantora.

Foi nesse contexto, favorecido pela boa receptividade do mercado fonográfico aos artistas nordestinos em fins dos anos 70, que Elba gravou seu primeiro LP, o supra-citado Ave de Prata, com direito à música inédita de Chico Buarque (Não Sonho Mais). Depois, vieram os álbuns Capim do Vale (1980) e Elba Ramalho (1981), todos pela CBS.

Fora da CBS, Elba assinou com a extinta gravadora Ariola e, adotando imagem mais sensual e brejeira, explodiu nacionalmente com os discos Alegria (1982), Coração Brasileiro (1983, LP que trouxe o sucesso "Banho de Cheiro"), Do Jeito que a Gente Gosta (1984) e Fogo na Mistura (1985, o do hit "De Volta pro Aconchego"). A cada álbum lançado, Elba fazia saltar sua veia teatral em shows incendiários. E foram muitos os discos daquele fértil período: Remexer (1986), Elba (1987), Fruto (1988), Popular Brasileira (1989), Popular Brasileira ao Vivo (1990), Felicidade Urgente (1991), Encanto (1992), Devora-me (LP de 1993 em que procurou um acento caribenho para sua música) e Paisagem (disco de 1995, de sotaque mais pop).

Em 1996, ao assinar contrato com a BMG, Elba promoveu festejada volta às origens nordestinas com o disco Leão do Norte, produzido por Robertinho de Recife. O espetáculo homônimo foi eleito o melhor de 1996 pelos críticos. Paralelamente, a cantora se uniu a Alceu Valença, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho e, sob a alcunha de O Grande Encontro, o grupo saiu em turnê pelo Brasil, registrada num disco ao vivo (mais tarde, já sem Alceu, o trio lançaria mais dois álbuns de sucesso).

Outros álbuns inspirados - como Baioque (1997), Flor da Paraíba (1998) e o duplo ao vivo Solar (1999) - confirmaram a boa fase da artista nos anos 90. Em 2001, a inclusão da balada "Entre o Céu e o Mar" na trilha da novela Porto dos Milagres ajudou a promover o disco Cirandeira, ao qual se seguiu um tributo a Luiz Gonzaga no disco Elba Canta Luiz (2002) – cujo show de lançamento renderia o CD Elba ao Vivo (2003). Em 2004, uma turnê nacional com Dominguinhos seria o ponto de partida do disco que saiu no início de 2005, gravado em estúdio com inéditas ("Rio de Sonho", "Forrozinho Bom", "Chama") e clássicos de autoria de Domiguinhos, casos de "Eu Só Quero um Xodó" e "De Volta pro Aconchego", este um sucesso eternizado em 1985 pela própria Elba, a voz agreste que traduz a riqueza musical nordestina para o Brasil.


Fonte: site Sony BMG