• 																					Eu não vou por na guilhotina a cabeça do favelado
    me adaptando ao mercado de produto vendável
    meu mundo não é animação da pixar
    pra vencer os manos rendidos cangaço de hk
    sequestra a família do motorista do carro forte
    pra no local combinado entregar os malotes
    antes de crer no progresso vendido pelo falsário
    vejo preso afogado pelo goe no vaso sanitário
    comprar bic nas selvas da aflição melhor perspectiva
    É clonar uma grapa pra entregar a pizza
    eu não sou radical, só não ignoro
    a furadeira do ortopedista reconstruindo ossos
    dreno na cavidade torácica aspirando sangue
    pra controlar hemorragia provocada por 12 pump
    sedado assim impedido de cursar disciplina
    se destaca na rua na função de disciplina
    Pêsames pra quem gera M14 alugado
    que deixa cliente da apple imobilizado no lacre plástico
    se houvesse destaque no site macabro
    que ele goza clicando em fotos de pobre desmembrado
    minha revolução é deletar os fenômeno surreal
    que faz faminto ser da veja cliente preferencial
    só ponho o pino de volta na granada de revolta
    quando a favela sair da mesa de autópsia

    a verdade não pode ser afogada num falso mar de rosas
    a alegoria não paga pêsames desnutrição e pólvora
    a verdade não pode ser afogada num falso mar de rosas
    ao som do trio a favela é rasgada na mesa de autópsia

    o ambiente não é fashion como a daslu
    não vou enganar quem vai morrer esperando o samu
    quem vai receber a vida impactante
    seu ente deu entrada com dez ferimentos penetrante
    ao top de 5 segundos uma licença no serviço
    pro pai seguir pista sobre o sumiço do filho
    tentar achar quem o viu pela última vez no bar
    quando o sargento enforcou com cadarço até desmaiar
    resista à alienação não seja influenciado
    sua liberdade é inferior que a condição do antigo escravo
    ódio de classe tá na sua frente documentado
    nos Mba, cnpj sem assinatura de favelado
    a paz do horário eleitoral não chega no morro
    que todo mês tem confronto e comandante novo
    Brasil que eu vejo tem ódio racial em panfletos
    sites e pichações contra nordestino e preto
    tem tv bandiário fingindo teor jornalístico
    pra dar close em buceta em reportagem de meretrício
    ai doutor quer minha letra sem rancor
    então não prende menina em cela com estuprador
    ou então remunera professor com salário decente
    pra na prova do enem ter chance pra nossa gente
    sente minha munição sonora nas suas costas
    ela arderá enquanto a favela estiver na mesa de autópsia

    a verdade não pode ser afogada num falso mar de rosas
    a alegoria não paga pêsames desnutrição e pólvora
    a verdade não pode ser afogada num falso mar de rosas
    ao som do trio a favela é rasgada na mesa de autópsia

    a guerra suja é promovida por dono de frota de avião
    a única lei válida é a lei de Talião
    calibre por calibre, caixão por caixão
    caiu no enquadro, cai gambé fazendo bico no sacolão
    quando injetam a fome esperam como efeito
    não só o retardo psíquico pra você não aprender direito
    também a cena com você no walmart sentado
    fechando com negociador liberação de funcionário
    quanto mais concerto dos tiros
    mais verba pra ong, partido político
    preferia no governo traficantes com fal
    em vez dos que acham que copa não se faz com hospital
    tem um provérbio judeu que eu respeito
    aquele que salva uma vida salva o mundo inteiro
    porém tenho um próprio que eu acho mais pertinente
    mundo salvo só com tirano em óleo fervente
    tudo gira em torno do menos favorecido
    é você que assiste a tv, compra o produto do executivo
    é crucial abandonar a posição de pedinte
    pra expectativa de vida ficar acima dos vinte
    põe no meu túmulo epitáfio igual do guerrilheiro
    como Marighella não tive tempo pra ter medo
    enquanto querem fazer do rap jingle da moda
    eu dou a vida pra tirar a favela da mesa de autópsia

    a verdade não pode ser afogada num falso mar de rosas
    a alegoria é nós na gaveta entre desnutrição e pólvora
    a verdade não pode ser afogada num falso mar de rosas
    ao som do trio a favela é rasgada na mesa de autópsia

Compositor: Carlos Eduardo Taddeo

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