Eduardo Dussek
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Brega-Chique (O Vento Levou Black)

Eduardo Dussek

A Arte de Eduardo Dusek


Foi trabalhar recomendada pra dois gringos,
Logo assim que chegou do interior,
Era um casal tipo metido a granfino,
Mas o salário era tipo um horror.

A tal da madame,
Tinha a mania esquisitona de bater,
E baixava a porrada,
Quando a coisa tava errada não queria nem saber.

Doméstica... Ela era doméstica,
Sem carteira assinada,
Só caía em cilada,
Era empregada doméstica.

Nunca notou a quantidade de giletes,
Não reparou a mesa espelhada no salão,
Não perguntou o que que era um papelote,
Baixou "os home" ela entrou no camburão.

Na delegacia sua patroa americana ameaçou:
"Lembra que eu sou uma milionária,
Eu fungava de gripada,
Não seja otária por favor.",

Doméstica... Traficante disfarçada de doméstica,
Era manchete nos jornais,
O casal lhe deu pra trás,
Sujando brabo pra doméstica.

No presídio aprendeu com as companheiras,
A se dar bem e a descolar como ninguém,
Ficou famosa no ambiente carcerário,
Como a mulata que nasceu pra ser alguém.

Pois não é que a doméstica,
Conseguiu uma prisão doméstica,
Saiu por bom comportamento,
Mas jurou nesse momento,
Vingar a raça das domésticas.

Então alguém lhe aconselhou logo de cara,
"Dá um passeio, vê se arranja um barão",
Porque melhor que o interior de uma cela,
E ter turista e faturar no calçadão.

Até que um dia,
Um Mercedinho prateado buzinou,
Era um louro alemão que lhe abriu a porta do carro,
E lhe tacou um bofetão..

Doméstica...virou uma baronesa doméstica,
Mesmo com as taras do barão,
Segurou a situação,
Levando uma vida doméstica.

Realizada em sua mansão em Stutgard,
Ouvindo Mozart e Beethoven de montão,
Com um pivete mulatinho pela casa,
Que era herdeiro de olho azul como o barão.

Precisou de uma babá,
Botou um anúncio bilíngüe no jornal,
Seu mordomo abriu a porta,
Uma loira meio brega, uma yankee de quintal.

Doméstica...era a americana de doméstica,
A nêga deu uma gargalhada, disse:
"Agora tô vingada, tu vai ser minha doméstica".

Composição: Eduardo Dusek

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